Em entrevista exclusiva ao Correio na capital, o maior ídolo
da história do Flamengo critica a dificuldade para assistir a um jogo do
Brasileirão no exterior, o calendário da CBF e cita o caso de Gabigol — que só
entrou em campo na décima rodada
Recém-chegado ao Brasil da sua última temporada no Japão, Arthur Antunes
Coimbra, o Zico, fez, ontem, uma passagem relâmpago por Brasília. Em entrevista
exclusiva ao Correio Braziliense criticou o que chamou de
“desorganização” da CBF por não interromper o Campeonato Brasileiro nas
Eliminatórias para a Copa do Mundo.
Segundo o craque, os times nacionais são muito prejudicados por terem de
entrar em campo sem os titulares liberados para as seleções sul-americanas.
“Todos os campeonatos no mundo
inteiro param, não tem jogo, só o Brasil continua. Enquanto for assim, a CBF
prejudica o futebol brasileiro”, disparou.
O ex-jogador cita, como exemplo disso, o efeito no desempenho do Flamengo. “Não faz sentido um time investir milhões para comprar um jogador e depois acontece de estar na 10ª rodada e ele ainda não ter jogado, porque está servindo à Seleção. Isso não acontece na Inglaterra, na Itália, na Alemanha, por isso, eles estão na frente da gente”, apontou, referindo-se a Gabriel Barbosa do Flamengo.
Zico lamentou que, na maior parte
do mundo, ninguém mais adquire o Campeonato Brasileiro. “Há uma dificuldade
enorme para assistir. Seja em pay-per-view, SKY, ninguém quer comprar, porque é
essa bagunça danada”.
Aposentadoria: Curtir os
netos é a prioridade agora. Aos 68 anos, disse que se aposentou da atuação
profissional no futebol depois de concluir o trabalho há um mês como diretor
técnico do Kashima Antlers, no Japão. Descarta assumir qualquer função em algum
clube. “Agora eu quero ter tempo para ser avô”, disse ele, que tem nove
netos.
Sebrae-DF: O Galinho de
Quintino esteve ontem em Brasília para uma reunião no Sebrae-DF, como convidado
especial do superintendente regional da entidade, Valdir Oliveira. Zico vai
participar de um projeto na capital federal voltado a alunos da rede pública
sobre educação empreendedora.
Aceitei a parceria por conhecer há
muitos anos o trabalho sério do Valdir e do Sebrae”. Eterno flamenguista de
coração, ele permaneceu poucas horas em Brasília, e retornou ontem ao Rio de
Janeiro. Mas volta em breve para começar o novo projeto.
Sobre as chances de o Brasil ganhar a Copa de 2022, lembrou que o Brasil
é sempre uma caixinha de surpresas. “Você pode estar em um péssimo
momento de administração, de tudo, e chegar lá e ganhar a Copa do Mundo, porque
depende dos jogadores dentro do campo”.
Política: O craque se diz
meio decepcionado com a política. “O problema do Brasil é a descontinuidade
administrativa. Fiz parcerias para levar o esporte e a educação a crianças e
jovens com prefeituras que, ao mudarem de gestão, foram interrompidas por causa
de vaidades políticas”, lamentou. Ele lembrou que já teve 60 mil alunos nas
escolinhas de futebol no país.
Agora está empolgado com o novo projeto no Distrito Federal em parceria
com o Sebrae local. “Eu morei no subúrbio do Rio de Janeiro. Eu fiz o
primário e o ginásio na escola pública, fazendo concurso. E isso (estudo) fez
muita diferença na minha vida. Não deixei de fazer faculdade porque estava na
Seleção, continuei estudando”, contou.