Em 1974, um disco voador pousou em Brasília. Mais
precisamente no meio do gramado do Eixo Monumental. Contudo, ao contrário
daquele clássico de ficção científica dos anos 1950, O Dia em que a Terra
Parou, nenhum alienígena desceu da espaçonave e fez saudações inusitadas.
O que aconteceu é que, de repente, ficou mais fácil
ver as estrelas, a Lua, o Sol, os planetas, enfim, o universo inteiro de uma
maneira geral. Bastava olhar para cima e deixar a imaginação correr solta.
Nascia assim, o Planetário de Brasília, um dos mais queridos espaços de lazer e
entretenimento da capital. São quase 50 anos de tradição, diversão e
conhecimento.
“O planetário é o espaço que difunde ciência, conhecimento, essa questão
da nossa religação com o céu noturno, um problema nas grandes cidades por conta
da poluição luminosa”, comenta o professor e planetarista Luís Edvar Cavalcante
Filho, referindo-se à iluminação pública.
“Observar o céu é algo que está na base da cultura humana. As primeiras
reações que o homem teve para fazer previsões, criar calendário, antever as
enchentes – no caso dos egípcios e o Rio Nilo –, prever as estações, foi
observando o céu”, explica.
Localizado no Eixo Monumental, entre o Centro de Convenções e a Torre de
TV, o planetário é um dos programas mais procurados nas férias pela garotada.
Um fascínio de criança que contagia, claro, os adultos também. A média de
público neste janeiro é de, mais ou menos, mil pessoas por dia entre às 9h e
21h, de terça a domingo, horários e dias de funcionamento do local.
Ao todo oito monitores, em horários diferentes, estão preparados para
receber, orientar e guiar o público pelos meandros do cosmo em três pavimentos.
Entre eles estava Mayara Prado, 29 anos.
“Observar o
céu é algo que está na base da cultura humana. As primeiras reações que o homem
teve para fazer previsões, criar calendário, antever as enchentes, prever as
estações, foi observando o céu” (Luís Edvar Cavalcante Filho, professor e
planetarista)
“Acho excelente esse trabalho porque estamos ajudando na divulgação
científica, incentivando o conhecimento pela ciência, principalmente entre as
crianças”, comenta a jovem. “As visitas guiadas são bem informativas, despertam
a curiosidade dos pequenos, eles ficam empolgados e passam a se interessar
ainda mais pelo tema”, comenta a jovem.
Desde o último dia 2 de janeiro até o momento, mais de 6 mil pessoas já
passaram pelo Planetário Luiz Cruls, assim chamado em homenagem ao astrônomo e
geodesista belga radicado no Brasil desde 1874. Diga-se de passagem, Cruls teve
uma ligação direta com o surgimento da nova capital do país.
Amigo íntimo do imperador Dom Pedro II nos últimos anos do Brasil
Império, o astrônomo belga foi diretor do Observatório Astronômico do Rio de
Janeiro e chefiou a primeira expedição de técnicos e engenheiros que delimitaram
o território em que hoje se localiza o Distrito Federal. Mas essa é outra
história. Ou não, porque há em andamento um projeto de criação de exposição
permanente sobre Luiz Cruls no Planetário de Brasília.
“Grande entusiasta das ciências e novas tecnologias, o imperador gostava
de astronomia e também de fotografia, a história de amizade entre os dois é bem
interessante”, comenta o professor Luís Edvar. “Está bem embrionário, mas
estamos nos organizando para montar essa exposição sobre a missão Cruls, trabalhando
forte para ser uma das novidades para o final deste ano”, antecipa o
profissional, há sete meses no espaço.
Maria Eduarda, estudante de arquitetura, acompanhada do namorado
Mathieu, ficou surpresa com a complexidade da ligação entre as estrelas e a
Bandeira Nacional
O projeto, idealizado pelos próprios professores do Planetário de
Brasília, vai surpreender o visitante pela quantidade de conexões históricas e
astronômicas feitas para juntar um quadrado verde, com losango amarelo e esfera
azul salpicado de estrelas.
Ao todo, oito
monitores, em horários diferentes, estão preparados para receber, orientar e
guiar o público pelos meandros do cosmo em três pavimentos
“Nada está ali na bandeira por acaso. As estrelas, por exemplo, numa
leitura rápida, estão associadas às unidades federativas do país, mas, na
verdade, fazem parte de agrupamento de um conjunto de constelações”, explica
Luís Edvar.
Foi o que surpreendeu, de cara, a estudante de arquitetura Maria Eduarda
Lima Neves, 22 anos, que levou de passageiro das estrelas no passeio da jornada
ao conhecimento, numa manhã de quinta-feira (6), o namorado francês, Mathieu
Guise, em visita a Brasília.
“Muito interessante essa ligação das estrelas, do universo como um todo,
com a Bandeira Nacional. Há muita complexidade por trás do nosso verde e
amarelo”, disse, surpresa. “Apesar de pequeno, achei o lugar bem agradável e me
chamou atenção alguns objetos”, disse Mathieu, militar de formação, em alusão
aos telescópios e roupa de astronauta que vislumbrou. (Crianças e adultos podem se divertir brincando de astronauta para fotos)
“Era uma
excursão escolar e lembro que fiquei muito surpresa com o que vi, imagens de
planetas, telescópio, o que era o buraco negro” (Micaella Sena, 26, moradora de
Ceilândia)
No primeiro andar, atravessando um túnel de efeitos no melhor
estilo 2001 – Uma Odisseia no Espaço (filme de 1968), de Stanley
Kubrick, a aventura cósmica continua com a exposição de imagens do universo
cedidas ao espaço pelo Consórcio Europeu de Telescópio.
Acompanhada dos dois filhos pequenos, a moradora de Ceilândia Micaella
Sena, 26, vivenciou um verdadeiro reencontro com o espaço que visitou pela
primeira vez quando tinha a idade de seu primogênito, há 20 anos. “Era uma
excursão escolar e lembro que fiquei muito surpresa com o que vi, imagens de
planetas, telescópio, o que era o buraco negro”, recorda. “Mudou bastante, hoje
tem muito mais atrações, está diferente, mas para melhor”.
A cúpula Bruno Giordano do Planetário de Brasília é
sempre uma atração à parte, com exibições de cinco filmes inéditos em 3D que
mexem com as sensações do público
“O Planetário de Brasília se tornou um dos pontos turísticos mais visitados no Distrito Federal. É uma atração da cidade que está totalmente remodelada, reformada, com os elevadores e o ar-condicionado funcionando e exibição de filmes inéditos” (Gilvan Máximo, secretário de Ciência e Tecnologia)
Na primeira sessão do espaço, a exibição do filme americano O
Segredo do Foguete de Papelão, produzido pelo Clark Planetarium, localizado na
cidade de Salt Lake City (EUA). Antes, turistas brasilienses, cariocas e
italianos contemplaram a dança celeste de 3 mil estrelas projetadas no teto da
cúpula por meio de sofisticado projetor Spacemaster.
“Nossa, mamãe, quantas estrelas!!”, gritou um garotinho na escuridão da
sala. “Quando estamos num local em que existe poluição luminosa, a capacidade
de visibilidade do céu estrelado é entre 5 a 10%”, explicou o professor Luís
Edvar.
Cosmonauta de primeira viagem, Kenya estava animada
para conhecer os segredos do universo acompanhada de 11 parentes de Goiânia e
Brasília
“É um mundo que sempre me fascinou, desde a
infância eu quis entender melhor a origem do universo, compreender que não
estamos sozinhos aqui”, contou ela, acompanhada de uma comitiva de 11 parentes
de Goiânia e Brasília. “Espero que eu consiga ver as estrelas pelo telescópio,
uma coisa que nunca consegui fazer.”
À frente da Secretaria de Ciência e Tecnologia
(Secti), Gilvan Máximo convoca a população e turistas que ainda não conhecem o
espaço. “O Planetário de Brasília se tornou um dos pontos turísticos mais
visitados no DF. É uma atração da cidade que está totalmente remodelada,
reformada, com os elevadores e o ar-condicionado funcionando e exibição de
filmes inéditos”, convida o secretário. “Tudo totalmente gratuito, é uma
atração que vale a pena conferir com sua família porque o Planetário de
Brasília é um show”.
Programação de férias da Cúpula Giordano
Bruno: Terça, quinta e sábado *– 10h30 – O Segredo do Foguete de
Papelão *– 14h30 – Dois Pedacinhos de Vidro *– 16h – Uma Aventura no
Planetário* – 17h – Origens da Vida *– 19h – Reino de Luz
Quarta, sexta e domingo*– 10h30 – Uma Aventura
no Planetário *– 14h30 – Origens da Vida *– 16h – Uma Aventura no
Planetário *– 17h – O Segredo do Foguete de Papelão* – 19h – Da
Terra para o Universo
Galeria de Fotos: - ( https://bit.ly/3taHUQZ )