Doenças crônicas autoimunes,
consideradas invisíveis e sem cura, a fibromialgia e o lúpus são lembrados
neste mês com a campanha Fevereiro Roxo, criada em 2014 com o objetivo de
conscientizar a população para a importância do diagnóstico precoce e
tratamento para que o paciente possa conviver com essas patologias sem perder a
qualidade de vida.
O Alzheimer, apesar de ser uma
doença distinta da fibromialgia e do lúpus, também faz parte da campanha
Fevereiro Roxo pelo fato de, assim como as outras duas doenças, ser incurável.
No mundo, a enfermidade atinge cerca de 35,6 milhões de pessoas, enquanto no
Brasil a estimativa é de 1,2 milhão de casos, sendo a maior parte sem diagnóstico.
O Alzheimer é classificado como um
transtorno neurodegenerativo progressivo que se manifesta pela deterioração
cognitiva e da memória, além do comprometimento das atividades cotidianas. O
primeiro sintoma, e o mais característico, é a perda de memória recente. A
doença representa cerca de 60% a 80% dos casos de demência. Por isso, a
importância do diagnóstico correto e precoce para retardar o avanço da
enfermidade e garantir o bem-estar do paciente.
Já a fibromialgia atinge 2,5% da
população mundial. É uma condição crônica que afeta, principalmente, mulheres,
na faixa etária entre 35 e 50 anos. No entanto, homens, crianças, adolescentes
e idosos também podem ter a doença. Ela é caracterizada por dor muscular
generalizada pelo corpo com duração maior que três meses, mas que não apresenta
evidência de inflamação nos locais de dor.
Como o diagnóstico da doença é
clínico, o paciente costuma percorrer um longo caminho até descobrir que tem a
doença e, em função disso, muitas vezes desiste de procurar diagnóstico e
tratamento por acreditar que aquela dor é normal. E acaba se automedicando.
Especialistas alertam para a observação de sinais que devem ser investigados,
entre eles, fadiga, alterações do sono, distúrbios emocionais e psicológicos,
alterações cognitivas de memória e de atenção.
De acordo com a Sociedade
Brasileira de Reumatologia, o diagnóstico clínico de fibromialgia leva em conta
a história de vida do paciente, exame físico e exames laboratoriais que ajudam
a afastar outras condições que podem causar sintomas semelhantes. Como não
existe cura, o tratamento visa aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de
vida que fica comprometida pela dor crônica. Medicações ajudam na melhora dos
sintomas, mas é fundamental a atividade física e, em alguns casos,
acompanhamento psicológico para aprender a lidar com a condição.
No caso do lúpus, a doença
inflamatória e autoimune afeta múltiplos órgãos e tecidos como pele,
articulações, cérebro e rins. Estima-se que cerca de 65 mil pessoas no mundo
sofrem com a doença, sendo majoritária em mulheres com idades entre 20 e 45
anos. No Brasil, uma em cada 1,7 mil brasileiras convivem com esse problema.
Especialistas chamam a atenção
para a importância do diagnóstico precoce dessas três doenças. Mesmo não tendo
cura, elas têm tratamento que são fundamentais para impedir a progressão da
enfermidade e garantir a qualidade de vida dos pacientes. Quanto mais cedo for
diagnosticado, maiores são as chances de sucesso e a redução de sequelas que,
muitas vezes, têm não só um forte impacto físico, mas também comprometem o
psicológico dos pacientes levando muitas vezes à depressão, ao isolamento e à
baixa autoestima.
Garantir acesso amplo da população ao diagnóstico e encaminhamento para tratamento na rede pública de saúde é fundamental para a aderência e redução de sequelas, uma vez que costumam ser facilmente confundidas com outras doenças. É preciso promover ações e levar as campanhas ao longo do ano, com informações de maneira a conscientizar a população sobre a importância de buscar ajuda. Essas patologias não têm cura, mas nem por isso devem deixar de ser tratáveis para garantir o bem-estar do paciente.