Brasília, ao longo dos anos, transformou-se num grande caldeirão sonoro.
Atualmente, é impressionante a diversidade musical que se observa na capital.
Há quem se dedica a ritmos brasileiríssimos como samba, choro, baião; da mesma
forma que existem intérpretes de gêneros originários de outras plagas como jazz,
blues, funk, salsa — mas com características locais.
Isso ocorria em outros tempos. Na década de 1980, por exemplo, embora
influenciadas pelo punk rock inglês e norte-americano, bandas surgidas naquela
época, entre elas Aborto Elétrico, Legião Urbana, Capital Inicial, Plebe Rude,
Detrito Federal e Escola de Escândalo, criaram um rock com sotaque candango,
que foi inserido no mapa da música brasileira.
Não por acaso, naquele período, Brasília recebeu o título de
"Capital do Rock". Recentemente, por iniciativa de Philippe Seabra,
fundador, líder, guitarrista e vocalista da Plebe, a Secretaria de Turismo
criou a Rota do Rock, oficializada por decreto do Governo do Distrito Federal.
Placas vêm sendo instaladas em alguns locais. Entre os pontos que a receberam,
estão o conjunto de prédios residenciais da UnB, mais conhecido como Colina; e
o bloco B da SQS 303, onde morou o lendário Renato Russo, criador da Legião.
Consta que, em breve, haverá a criação da Rota do Choro. Faz sentido,
pois o velho e bom chorinho, gênese da MPB, tem importante polo na cidade. A
partir do tradicional Clube do Choro e de grupos que aqui têm sido formados —
inclusive no âmbito da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello —, reverbera
belíssima sonoridade por outras regiões do país e até no exterior.
Isso, certamente, se acentuará com a realização, a partir de hoje e até
o final da semana, da segunda edição do Encontro Internacional do Choro, com a
participação de grandes músicos brasilienses, nacionais e de outros países, com
destaque para o carioca Guinga, compositor genial e mestre do violão.
Observa-se que, apesar do desprezo de órgãos do governo federal, a cultura
brasileira resiste e prolifera.