O Espaço Oscar
Niemeyer recebe, a partir desta sexta-feira (22.4), a exposição “O Mestre e o
Aprendiz: Oscar Niemeyer e Gervásio Cardoso”. São 14 desenhos à lápis sobre
papel manteiga (entre originais e reproduções), estudos feitos por Niemeyer
para a Praça dos Três Poderes. Esse material foi presenteado pelo arquiteto de
Brasília ao então jovem desenhista que deixou Minas para seguir os passos do
mestre.
“A mostra traz novos
elementos do trabalho de Oscar Niemeyer ainda na fase de idealização da
capital federal. A partir das memórias de Gervásio Cardoso, podemos ter
uma perspectiva mais próxima tanto do processo criativo de Niemeyer, quanto de
sua relação com aqueles que o ajudaram a construir Brasília”, acrescenta o
subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa
(Secec), Aquiles Brayner.
“Na mostra, a arquitetura é um meio para contar uma história muito importante: a da relação entre mestre e aprendiz. No caso de Oscar e Gervásio, essa história muitas vezes se confunde com a da construção da nova capital”, emenda o curador Felipe Ramón Rodríguez. “O trabalho de Niemeyer, na concepção de seus projetos, era único e inovador. Uma arquitetura moderna, despojada e simples, com enormes vãos e balanços nunca antes vistos, os quais desafiavam a tecnologia e os padrões disponíveis à época”, rememora Gervásio.
Segundo Gervásio, “com
base em pequenos croquis iniciais, a ideia ia evoluindo para diversas soluções
possíveis que, em determinado momento, eram consolidadas em forma de
perspectivas”. “Num segundo momento” – continua – “ele se aprofundava mais no
estudo dos aspectos técnicos e funcionais até encontrar uma solução que
compatibilizasse função e forma”.
O traço de Niemeyer
inspirou o aprendiz mineiro: “entendo ser natural sofrer uma influência
positiva da obra do grande mestre. Isso pode ser constatado nos meus primeiros
estudos na equipe da Novacap, na década de 1960, tais como os anteprojetos para
o Centro de Rádio e Televisão e para a Casa de Detenção de Brasília. Com o
passar do tempo, encontrei um estilo próprio para meus projetos”.
Gervásio reconhece
também que, “além dessa influência de ordem técnica, absorvi na minha
convivência e observação diária das atitudes de Niemeyer, valores importantes
para minha vida profissional, tais como generosidade, simplicidade e
responsabilidade. Sou eternamente grato a ele pelo apoio prestado a mim no
início e ao longo de minha vida profissional”.
Entre as passagens e
feitos mais importantes na sua trajetória profissional, Gervásio frequentou em
1970 estágio de um ano na Escola Nacional Superior de Belas Artes de Paris.
Entre 1971 e 1972, foi o coordenador-geral do desenvolvimento do anteprojeto de
Niemeyer para os edifícios do Anexo II do Senado e pelos projetos de
arquitetura de interiores e paisagismo dos mesmos edifícios. Em 1973, foi
membro da equipe da Novacap responsável pelas obras de acabamento do edifício
do Ministério da Justiça, um projeto de Niemeyer. (Gervásio e o croquis de
Niemeyer)
Alertado por uma
professora de que Niemeyer – que detestava voar de avião – havia pernoitado em
Patos a caminho de Brasília, decidiu ir atrás dele e, em janeiro de 1960, três
meses antes da inauguração da capital, apoiado pela família, desembarcou na
cidade em obras.
“Para minha surpresa,
com apenas 17 anos de idade, Niemeyer me convidou para estagiar em sua equipe,
na Novacap, e em agosto de 1960 fui contratado como desenhista”, relata. No
encontro com o arquiteto carioca, Gervásio lhe mostrou um retrato de Niemeyer
que havia feito. “Bonito”, disse, “mas aqui precisamos de desenho técnico”.
O retrato Gervásio: guarda até hoje e faz parte da exposição. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo
pela Universidade de Brasília (UnB) sete anos mais tarde.
"O Mestre e o
Aprendiz: Oscar Niemeyer & Gervásio Cardoso - Espaço Oscar Niemeyer
- Setor de Administração Federal, Praça dos Três Poderes, Bloco
J. Telefone: (61) 3443-6528. De 22 de abril até 22.5. Horário de
visitação: terça a sexta das 9h às 18h e sábados e domingos das 9 às 17h
- E-mail: eon@cultura.df.gov.br - É necessário o uso de máscaras para
visitação.