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Croquis de Niemeyer ganham exposição

Croquis de Niemeyer ganham exposição


O Espaço Oscar Niemeyer recebe, a partir desta sexta-feira (22.4), a exposição “O Mestre e o Aprendiz: Oscar Niemeyer e Gervásio Cardoso”. São 14 desenhos à lápis sobre papel manteiga (entre originais e reproduções), estudos feitos por Niemeyer para a Praça dos Três Poderes. Esse material foi presenteado pelo arquiteto de Brasília ao então jovem desenhista que deixou Minas para seguir os passos do mestre.

O vínculo entre os dois, que trabalharam juntos por dez anos na Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap, estatal responsável pelo acompanhamento da obra), também será documentado por quadros artísticos do mineiro Gervásio Cardoso de Oliveira Filho sobre o trabalho de Niemeyer, documentos diversos, fotos e vídeos gravados pelo Arquivo Público do Distrito Federal.

“A nossa missão é pôr a memória de Brasília em movimento. E essa exposição é uma joia dentro das comemorações do aniversário de 62 anos de Brasília”, destaca o secretário de Cultura e Economia Criativa, Bartolomeu Rodrigues.


“A mostra traz novos elementos do trabalho de Oscar Niemeyer  ainda na fase de idealização da capital federal.  A partir das memórias de Gervásio Cardoso, podemos ter uma perspectiva mais próxima tanto do processo criativo de Niemeyer, quanto de sua relação com aqueles que o ajudaram a construir Brasília”, acrescenta o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), Aquiles Brayner.

Processo Criativo: O arquiteto mineiro Gervásio Cardoso se emociona com a exposição sobre o vínculo entre ele e Niemeyer. “Fico feliz e lisonjeado, pois representa o reconhecimento de meu trabalho no planejamento e na construção da nova capital. O evento enfocará em especial minha atuação como pioneiro e colaborador de Niemeyer, mas também divulgará uma série de desenhos de minha autoria sobre a autoria sobre a o: Arquivo pessoal dele em Brasília. É minha homenagem ao grande mestre”. 


“Na mostra, a arquitetura é um meio para contar uma história muito importante: a da relação entre mestre e aprendiz. No caso de Oscar e Gervásio, essa história muitas vezes se confunde com a da construção da nova capital”, emenda o curador Felipe Ramón Rodríguez. “O trabalho de Niemeyer, na concepção de seus projetos, era único e inovador. Uma arquitetura moderna, despojada e simples, com enormes vãos e balanços nunca antes vistos, os quais desafiavam a tecnologia e os padrões disponíveis à época”, rememora Gervásio.


Segundo Gervásio, “com base em pequenos croquis iniciais, a ideia ia evoluindo para diversas soluções possíveis que, em determinado momento, eram consolidadas em forma de perspectivas”. “Num segundo momento” – continua – “ele se aprofundava mais no estudo dos aspectos técnicos e funcionais até encontrar uma solução que compatibilizasse função e forma”.


O traço de Niemeyer inspirou o aprendiz mineiro: “entendo ser natural sofrer uma influência positiva da obra do grande mestre. Isso pode ser constatado nos meus primeiros estudos na equipe da Novacap, na década de 1960, tais como os anteprojetos para o Centro de Rádio e Televisão e para a Casa de Detenção de Brasília. Com o passar do tempo, encontrei um estilo próprio para meus projetos”.


Gervásio reconhece também que, “além dessa influência de ordem técnica, absorvi na minha convivência e observação diária das atitudes de Niemeyer, valores importantes para minha vida profissional, tais como generosidade, simplicidade e responsabilidade. Sou eternamente grato a ele pelo apoio prestado a mim no início e ao longo de minha vida profissional”.


Entre as passagens e feitos mais importantes na sua trajetória profissional, Gervásio frequentou em 1970 estágio de um ano na Escola Nacional Superior de Belas Artes de Paris. Entre 1971 e 1972, foi o coordenador-geral do desenvolvimento do anteprojeto de Niemeyer para os edifícios do Anexo II do Senado e pelos projetos de arquitetura de interiores e paisagismo dos mesmos edifícios. Em 1973, foi membro da equipe da Novacap responsável pelas obras de acabamento do edifício do Ministério da Justiça, um projeto de Niemeyer. (Gervásio e o croquis de Niemeyer)

Menino de Minas: Gervásio nasceu em 1943 em Paineiras (MG), onde morou até 1952, quando se mudou para Patos de Minas. “Era a melhor cidade da região, para que pudéssemos estudar”. A família de 15 filhos (um adotado) tinha fazenda, negócio que três irmãos abraçaram. Ele, contudo, gostava era de desenhar, influenciado pela irmã Therezinha, que tinha ateliê na cidade.


Alertado por uma professora de que Niemeyer – que detestava voar de avião – havia pernoitado em Patos a caminho de Brasília, decidiu ir atrás dele e, em janeiro de 1960, três meses antes da inauguração da capital, apoiado pela família, desembarcou na cidade em obras.


“Para minha surpresa, com apenas 17 anos de idade, Niemeyer me convidou para estagiar em sua equipe, na Novacap, e em agosto de 1960 fui contratado como desenhista”, relata. No encontro com o arquiteto carioca, Gervásio lhe mostrou um retrato de Niemeyer que havia feito. “Bonito”, disse, “mas aqui precisamos de desenho técnico”.


O retrato Gervásio: guarda até hoje e faz parte da exposição. Formou-se em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de Brasília (UnB) sete anos mais tarde.


"O Mestre e o Aprendiz: Oscar Niemeyer & Gervásio Cardoso - Espaço Oscar Niemeyer - Setor de Administração Federal, Praça dos Três Poderes, Bloco J. Telefone: (61) 3443-6528. De 22 de abril até 22.5. Horário de visitação: terça a sexta das 9h às 18h e sábados e domingos das 9 às 17h - E-mail: eon@cultura.df.gov.br - É necessário o uso de máscaras para visitação.


Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Ascom/Secec) – Texto: Alexandre Freire/ Edição: Sérgio Maggio (Ascom Secec) – Governo do Distrito Federal


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