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Faleceu: o diretor de teatro Hugo Rodas, aos 82 anos

Faleceu o diretor de teatro Hugo Rodas, aos 82 anos. Hugo Rodas morreu nesta quarta-feira (13/4), após sofrer um AVC e lutar contra um câncer. Nascido no Uruguai, passou boa parte da vida em Brasília, onde ajudou a construir a cena da dramaturgia do DF.

Depois de lutar contra um câncer e sofrer um AVC, o diretor de teatro e professor da Universidade de Brasília (UnB) Hugo Rodas morreu nesta quarta-feira (13/4). Rodas estava internado no Hospital Brasília e fazia tratamento contra um câncer há três anos, mas uma metástase dificultou a recuperação do diretor.

 

Uruguaio radicado no Brasil desde os anos 1970, Hugo Rodas atuou como ator, diretor, bailarino, coreógrafo, cenógrafo, figurinista e professor de teatro, firmando-se como um dos artistas do teatro mais importantes do seu tempo. Estabeleceu-se na capital federal em 1975, onde participou ativamente da cena teatral da cidade, atuação que lhe rendeu três títulos concedidos pelo Governo do DF: Comendador e Oficial da Ordem do Mérito Cultural de Brasília em 1991 e 1992, assim como Cidadão Honorário de Brasília (2000). Também recebeu os títulos de Notório Saber em Artes Cênicas (1998) e, mais recentemente, em 2014, o de Professor Emérito, ambos pela Universidade de Brasília, instituição na qual foi docente durante mais de 20 anos.


Hugo foi um dos mais conceituados diretores da sua geração, conhecido pela irreverência, versatilidade e criatividade norteadoras da pluralidade de linguagens que caracteriza a sua obra. Alguns dos maiores sucessos de público e crítica da história do teatro e da dança de Brasília têm a assinatura de Rodas. Entre eles o Senhora dos afogados (1987), A casa de Bernarda Alba (1988/91), A menina dos olhos (1990/91), Romeu e Julieta (1993/99), O olho da fechadura (1994/95), The Globe Circus (1997), Shakespeare in concert (1997), Arlequim: servidor de dois patrões (2001/02), Rosanegra – uma Saga Sertaneja (2002/05), O rinoceronte (2005/2006) além do memorável Adubo ou a sutil arte de escoar pelo ralo (2005-2015).


Trajetória: A jornada de Rodas no universo do teatro começa em sua terra natal. Na Montevidéu (Uruguai) dos anos 1950, ele ingressou na escola-teatro do Teatro Circular, referência do movimento independente uruguaio. Em 1975, veio ao Brasil para se apresentar no Festival de Inverno de Ouro Preto. Nessa época, o Uruguai passava por período de intensa repressão política devido à ditadura militar que se instalou no país entre 1973 e 1985, e a viagem a Minas Gerais mudou a vida de Rodas. Primeiro, ele se mudou para Salvador. No mesmo ano, foi chamado para ministrar um workshop em Brasília, onde decidiu permanecer.


No Planalto Central, Rodas fundou o Grupo Pitú (1976-1981), com o qual apresenta vários espetáculos, entre os quais o clássico Os Saltimbancos, contemplado com o Prêmio do Serviço Nacional do Teatro como melhor espetáculo infantil de 1977. Um ano antes, foi diretor e coreógrafo do primeiro musical do cantor e compositor Oswaldo Montenegro, o João Sem Nome.


No início dos anos 1980, Rodas passou uma temporada em São Paulo, onde trabalhou no Teatro Oficina, com o diretor José Celso Martinez Corrêa, e no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), com o diretor Antônio Abujamra (1932-2015), com quem fez diversas parcerias em direção teatral ao longo da vida, entre elas Senhora Macbeth (2006), com Marília Gabriela, Os demônios (2006), do escritor russo Fiodor Dostoiévski, e Cantadas (2007), monólogo com a atriz Denise Stoklos.


De volta a Brasília, o diretor foi convidado pela professora e coreógrafa Norma Lillia para uma parceria que resulta em três espetáculos criados e dirigidos por Rodas: A casa de Bernarda Alba (1983), A teia (1984) e Salomé (1986), este último protagonizado pela bailarina Ana Botafogo.


Ao lado dos diretores Adriano e Fernando Guimarães, Rodas recebeu, em 1996, o Prêmio Shell de direção pelo espetáculo Dorotéia. Foi um dos fundadores do Teatro Universitário Candango — TUCan na Universidade de Brasília (UnB), em 1992. Dirigiu o espetáculo Seis personagens em busca de um autor, do escritor italiano Luigi Pirandello (1867-1936), que recebeu seis prêmios, entre os quais melhor diretor e melhor espetáculo, no Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau, em 2004.


Em 1989, o diretor ingressou na UnB como professor visitante e, mais tarde, tornou-se professor titular da instituição. Ele permaneceu no ambiente universitário dedicando-se à formação, investigação e criação artística Foi na academia que surgiu a Agrupação Teatral Amacaca (ATA). Em 1999, Rodas também fundou a Companhia dos Sonhos, com a qual fez trabalhos como Rosanegra — uma saga sertaneja (2002), escolhido para participar do Palco Giratório Nacional do Serviço Social do Comércio (Sesc).


Como ator, ele voltou aos palcos para um musical autobiográfico, o monólogo Boleros (2008). Em 2010, interpretou o monólogo 7 X Rodas, composto de sete montagens dirigidas por nove diretores e com sete cenários distribuídos em círculo, assinados por Rodas.


Naum Jiló – Foto: Ana Rayssa/ CB – Correio Braziliense


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