Que decisões tomarão os ministros do Supremo tendo,
à frente, o relator das fakenews, quando as investigações, deflagradas por essa
egrégia corte, demonstrarem, de forma cabal, que as fontes principais, por onde
jorram, em grandes torrentes, a água suja das notícias falsas estão localizadas
em terras da esquerda?
Essa é apenas uma questão que pode definir muito o
comportamento desses juízes frente a verdades insólitas. O que se sabe, até o
momento, é que essas práticas criminosas compõem hoje um arsenal de ambos os
lados ideológicos, embora a patente desta invenção pertença originalmente às
esquerdas, sendo, inclusive, um dos itens constantes nas cartilhas políticas
dessas facções.
É preciso observar toda a cena de longe, inclusive
as nuances entre verdades e mentiras, inclusive as chamadas pós verdades e
mentiras sinceras. De fato, a mentira é um dos componentes fundamentais do
ambiente político. Sem esse recurso, encontrado em todo o mundo animal, como
mostram as camuflagens e outros mecanismos biológicos para encontrarem
alimentos e se protegerem, o que seria da vida sobre a Terra? Sem mentiras não
faz política. Muito menos em um país como o nosso, onde as fronteiras entre o
certo e o errado são como fumaça.
O descrédito que tomou conta do supremo é um fenômeno
causado pelo próprio comportamento de seus integrantes. Foi essa corte que
transformou, em fakenews, toda a exitosa e verídica Operação Lava Jato, ao
anular seus efeitos e, principalmente, ao mandar soltar seu maior responsável,
lançando um indivíduo, absolutamente ficha suja, goela a baixo na população,
com a falsa perspectiva de que, caso reeleito, as urnas e o voto popular
sacramentarão sua inocência como quer fazer crer essa corte. Nada mais falso e
mentiroso.
Fôssemos levar ao pé da letra a criminalização das
fakenews, seria preciso colocar no xadrez cada político sobre cada palanque.
Cada marqueteiro. Cada veículo de propaganda. Cada instituto de pesquisa de
opinião. Nada é mais mentiroso do que uma justiça que jamais atinge os
poderosos. De todas as centenas de milhares presos agora em nossas
penitenciárias, não há um único representante de colarinho branco, nenhum
corrupto. Essa não é apenas uma constatação, mas uma farsa e uma demonstração
de que vivemos na Terra do Nunca, onde a verdade é sempre o que dizem os
poderosos.
Infelizmente, esse não é um problema apenas nosso,
mas que parece atingir todo o mundo, a começar pelo mediático, onde figuras
tornam-se celebridades da noite para o dia e do mesmo modo são canceladas.
Anita é fake. Pabllo Vittar é fake. Aqui na capital, toda a feira de importados
é fake A picanha do Mc Donald’s é fake. A alma mais honesta desse país é fake,
os impostos pagos não trazem progresso para a vida da população. Assim como é
fake o patriotismo dos eleitores, ao elegerem mentirosos de várias estirpes
ideológicas, apenas por sadismo. Não há lugar que se possa olhar nesse mundo,
sem que os traços da mentira estejam presentes. As motivações para a Rússia
invadir a Ucrânia são fakes. O comportamento da ONU frente a um problema dessa
dimensão também é fake. O que não é fake, nesse caso, são as milhares de mortes
de jovens dos dois lados. O que não é fake em nosso país é a miséria que
aumenta.
Vivemos tempos estranhos nos quais já não existe
certeza alguma. Mesmo o aquecimento global fez do clima, anteriormente
funcionando como um relógio suíço, virar uma incerteza e uma fakenews. Se ainda
formos olhar pelo ponto de vista do consumidor, verificaremos que a grande
maioria das empresas prestadoras de serviços, de luz, água, telefonia e muitas
outras são fakes, entregando produtos de má qualidade a preços altos,
principalmente as que não têm concorrência. Também são fakes os nossos órgãos
de fiscalização da saúde, da aviação, das telecomunicações e muitos outros.
Estivéssemos em uma monarquia onde o rei fosse um
ardente adepto da ética, com certeza ele diria do alto de seu castelo: saiam
todos com as mãos para cima! Estão todos presos!