Por muito tempo, foi uma fábrica
de sonhos e fantasia no meio da sala de estar de sua casa. Era ali que, vez ou
outra, dona Ana, uma diarista do Riacho Fundo II, na condição de agente
literária voluntária, arrastava sofás e outros móveis para transformar o local
em um espaço de constação de histórias para crianças carentes da região. Tudo
graças ao programa Mala do Livro, um dos homenageados da edição deste ano da
36ª edição da Feira do Livro de Brasília (FeLiB).
O programa Mala do Livro foi homenageado pela 36ª edição da Feira do Livro de Brasília. Quase 400 agentes literários estão espalhados pelas 33 regiões administrativas
Hoje são mais de 350 malas que
atendem cerca de 60 mil usuários, de crianças a adultos. Só de agentes
literários espalhados pelas 33 regiões administrativas, são quase 400. “São
pessoas das comunidades que ajudam a levar livro, leitura e literatura para
esses locais distantes. Eles são os nossos anjos, nossas ‘donas bentas’”,
revela a professora Maria José, referindo-se à clássica personagem de Monteiro
Lobato. “Tem Mala do Livro que se tornou biblioteca comunitária”.
Projeto inclusivo e grande
incentivador da prática da leitura, a Mala do Livro, reconhecido no Brasil e no
exterior, hoje também atende variados espaços institucionais, sendo premiado
por entidades como a Fundação Getúlio Vargas (FGV). “A missão desse projeto é
levar o livro e a literatura para áreas onde a prática da leitura não é
acessível, tanto pela ausência de bibliotecas quanto pela formação de
leitores”, reforça o subsecretário do Patrimônio Cultural da Secretaria de
Cultura e Economia Criativa (Secec), Aquiles Brayner.
Quem deseja ser agente literário deve fazer um cadastro enviando a solicitação para o e-mail do programa~~~ maladolivro@cultura.df.gov.br ou ligar para (61) 3325-2607. Além das compras efetuadas pela Secec, grande parte dos livros que fazem parte do acervo do Mala do Livro vem de doações.
“A pessoa se manifestando para ser agente literário, a gente vê qual a disponibilidade de espaço e tempo para fazer o atendimento em sua comunidade ou vizinhança”, explica Maria José. “Sobre a doação, hoje mesmo, aqui na FeLiB, fui procurada por três editoras interessadas em fazer doações. Quem quiser fazer doação é só nos procurar; somos gratos à sociedade, que é muito bondosa.”