Nessa altura dos
acontecimentos, já ficou muito claro, para a parte lúcida da população, que os
ministros do Supremo Tribunal Federal atravessaram o rubicão, agindo
sistematicamente dentro do que se convencionou chamar de ativismo judiciário,
não mais como magistrados, mas como militantes ou simpatizantes de determinadas
alas ideológicas e políticas.
Esse é um problema
sério que, embora parte de imprensa tente esconder dos leitores, dando pouco
espaço para esse assunto, cedo ou tarde, irá, por suas implicações profundas no
ordenamento institucional do país, ganhar a real dimensão que possui.
Só esperemos que,
quando esse momento chegar, ele não encontre a nação conflagrada e em ponto de
ebulição. Não se trata aqui de gralhar de aves de mau agouro, mas da
constatação do evoluir de declarações inamistosas de parte a parte e mesmo de
medidas, que vão num crescendo tal, que podem já não mais serem freadas e que,
portanto, poderão adquirir vida própria, levando todos de roldão.
Há uma crise sendo
anunciada e o problema maior é que não existe, no horizonte imediato
observável, alguém com a capacidade e credibilidade para chamar todos à razão,
apaziguando o país. É, em momentos assim, que a nação necessita de
personagens com a capacidade de liderança, guiando todos para o vale da
concórdia.
Se tivermos que
aguardar o surgimento de lideranças, estaremos literalmente no sal e entregues
à própria sorte. De fato, estamos todos numa espécie de vácuo ou deserto árido
de homens e ideias. É preciso, nesse momento, dar o nome aos bois,
mostrando a todos quem foram os verdadeiros atores a deflagrar essa crise.
Olhando pelo
retrovisor, é possível constatar, até com certa facilidade, que foram os
ministros do Supremo, e não outros protagonistas, que ao tecer, nas entrelinhas
das filigranas jurídicas, toda a teia de rabulices, encontraram meios de “descondenar”
o ex-presidiário, colocando-o diretamente na disputa eleitoral e, com isso,
conflagrando e conspurcando todo o processo.
Esses ministros não
apenas lançaram seu candidato de estimação de uma só penada, como ainda irão
comandar, do alto do Tribunal Superior Eleitoral, todo o processo eletivo até
outubro.
Querer que toda essa
maquinação jurídica não desembocasse numa crise, como a temos agora, é muita
inocência e muita pretensão. Como dizia a marchinha de carnaval Pó de Mico:
“Vêm cá, seu guarda, Bota pra fora esse moço, tá no salão brincando, com
pó-de-mico no bolso. Foi ele sim, foi ele sim, foi ele que jogou o pó em mim.”
Lula está nessa folia, na qual vai se transformando as próximas eleições,
brincando com pó de mico no bolso. Foi posto para dentro do salão de Momo das
campanhas, pelos árbitros que deveriam cuidar e zelar pela segurança da folia
de outubro. Ficou calado? Agora aguente!