Elas sabem fazer as coisas acontecerem. Quando o coletivo Maria Cobogó lança livros no Beirute, a casa lota e falta kibe. O grupo é constituído por mulheres de diversas idades, animadas, talentosas, elegantes, pilhadas, generosas e delicadamente bravas. O nome é inspirado naquele material usado nos prédios de Brasília para permitir a passagem da luz e do ar.
Duas produções foram reconhecidas como finalistas do Prêmio Jabuti: o projeto Calango Leitor, de estímulo à leitura nas escolas, coordenado por Claudine Duarte, em 2018, e o livro Fios, de Christiane Nóbrega, em 2020, destinado especialmente ao público infantojuvenil, mas que pode ser apreciado por leitores de todas as idades.
Com a delicadeza da tessitura de um bordado, Chris
Nóbrega escreveu Fios (Ed. Maria Cobogó), uma história
tocante, que narra a doença e a morte da avó. É notável a maneira com que Chris
consegue tocar em tema tão difícil de uma maneira tão leve, afetuosa e
verdadeira. Mas o livro não é para ser lido apenas com as palavras. Ele compõe
um bordado de palavras, imagens e espaços brancos de silêncio.
Agora, Ana Maria Lopes e Márcia Zarur oferecem um presente para a cidade: o livro Glênio Bianchetti, que inaugura a Coleção Mestre Cobogó, que pretende apresentar os grandes artistas de Brasília para as novas gerações. O livro é um primor gráfico, a história de Glênio é narrada com o esplendor de suas pinturas de cores fulgurantes.
Envolvidos pela beleza das cores, ficamos sabendo
que Glênio nasceu em Bagé, participou de um célebre Clube de Gravura, começou a
pintor misturando tintas em tampinhas de garrafas de refrigerante, mudou-se
para Brasília a convite de Darcy Ribeiro para ser professor da UnB e sua obra
ganhou novos matizes de cor sob o impacto da luminosidade brasiliana.
Darcy Ribeiro gostava de repetir que só se faziam
mestres com mestres. Por isso, ele trouxe para Brasília mais de 200 artistas e
intelectuais, dentre os mais brilhantes dentro de um tempo que formou uma
constelação de pessoas brilhantes. Além de ser um pintor extremamente
talentoso, um mestre da cor, Glênio participou ativamente da vida cultural da
cidade.
A sua casa sempre foi um ponto de referência para os artistas. Ana Maria Lopes e Maria Zarur narram a história do artista gaúcho-brasiliense de uma maneira muito envolvente, saímos do livro com os olhos impregnados da luz humanista da pintura de Glênio Bianchetti.