Os mestres da música instrumental.
A Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello completa 20 anos e mantém viva a
tradição brasiliense, com uma história marcada pela revelação de talentos, que
se destacam nacionalmente
Com a experiência acumulada em 20
anos de ensino, a Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello (EBCRR) inicia em
8 de agosto o segundo semestre de 2022 oferecendo a opção de 25 cursos,
contando com 650 alunos e aberta à novas matrículas. O preço da matrícula é de
R$ 218,90 — o mesmo valor cobrado pela mensalidade.
A metodologia de ensino tem por
base o livro Manual do choro, escrito pelo violonista Henrique Santos Neto,
vice-diretor da instituição, e o bandolinista e professor Dudu Maia, lançado em
2017 e publicado em português, com tradução para a língua inglesa.
“O manual reúne aspectos
harmônicos, rítmicos e melódicos de maneira sistematizada, possibilitando a
músicos de todo o mundo aprofundarem-se nesse gênero musical”, destaca Henrique
Neto. “Devido ao interesse despertado, o livro encontra-se com a segunda edição
esgotada, tendo sido distribuído em 15 países. A terceira edição está sendo
preparada, com lançamento previsto para este ano”, acrescenta.
Além dos cursos, a Escola de Choro
promove atividades extras. Uma delas é a roda de choro, aberta ao público, que
ocorre no primeiro sábado de cada mês, às 10h, na área externa da sede do Clube
do Choro, no Eixo Monumental; aulão coletivo para os alunos e frequentes
oficinas comandadas por destacados músicos brasilienses e nacionais, que vêm
participar, como convidados, dos projetos promovidos pela entidade.
Seis professores da EBCRR
ouvidos pelo Correio falaram sobre a formação que receberam para exercer o
ofício da experiência vivida na relação com os alunos e de estar repassando
conhecimentos sobre o gênero considerado a gênese da música popular brasileira.
Mestres do choro: Léo Benon (cavaquinista e
compositor) — “Fui aluno da primeira turma da Escola Brasileira de Choro
Raphael Rabello, nas turmas dos professores Evandro Barcellos e Jorge Cardoso.
Sou professor de cavaquinho da instituição desde 2005 e venho contribuindo na
formação de cavaquinistas na nossa cidade. Nas minhas aulas, eu apresento as grandes
referências do cavaquinho brasileiro e vamos trabalhando as técnicas
instrumentais através do repertório solidificado pelos grandes mestres. Utilizo
muito da experiência adquirida por meio do mestrado sobre elementos técnicos e
expressivos do Waldir Azevedo, o maior referencial do cavaquinho e que morou em
Brasília de 1971 a 1980. Tenho vários ex-alunas e ex-alunos que hoje estão
trabalhando em grupos de choro, samba e forró da cidade. É uma grande
satisfação poder ver essa leva de cavaquinistas ganhando espaço no nosso
cenário musical. Alguns nomes que passaram pela minha sala na Escola de Choro
são: Natália Carvalho (do coletivo Já Chegou quem faltava), Cláudia Coutinho
(integrante do Moça pro Samba, no RJ), Mariana Sardinha, Jéssica Santos, Ellen Oléria,
Carlos Tchopa, Sílvio Carvalho (Sururu na Roda, RJ), Larissa Umaitá, Patrícia
Barcelos e Samira Guerra.”
Alceu Lacerda (flautista) —”Sou
formado em flauta transversal pela Escola de Música de Brasília, curso técnico
e básico, entre 2008-2017 e me interessei pela música popular brasileira e
especialmente pelo chorinho. Fui bolsista na Escola Brasileira de Choro de
Brasília, onde tive aula com o professor Sérgio Morais, de 2014 a 2016, e
licenciado em música pela Universidade de Brasília. Atualmente, sou
multiinstrumentista, integro o grupo de pagode brasiliense Menos é Mais desde
2019. Dou aulas particulares e neste semestre serei professor de flauta da
Escola Brasileira de Choro Raphael Rabelo. É uma honra poder dar continuidade
ao trabalho desenvolvido pelo professor Sérgio Morais no Clube do Choro de
Brasília.”
Jessica Carvalho (pandeirista) —
“Conheci a Escola Brasileira de Choro em 2017, em um festival de música. Depois
que conheci aquele lugar, nunca mais quis sair dali, me tornei aluna e assídua
das rodas, encontros e apresentações. Faço parte dos grupos como Choro Delas e
Choro Prosa nos quais toco respectivamente cavaquinho e pandeiro. Ano passado
fui convidada a dar aulas de pandeiro na escola e, desde então, me sinto
realizada e muito grata por poder viver e respirar aquele lugar. Meu contato
com a música vem de vivências com mestres da cultura popular, de um ensino
oral, corporal e com afetividade, e são esses alguns pilares de ensino que
busco sempre trazer nas minhas aulas na escola. Um ensino de forma mais leve e
lúdica com mais foco no seu entendimento oral, mas claro associado também a uma
linguagem musical escrita.”
Danilo Martins (Violonista)—
“Desde 2012 faço parte do elenco de professores da Escola Brasileira de Choro.
Posso dizer que lecionar violão nesta instituição é um trabalho muito
gratificante, pois além de contribuir com a história da primeira escola
dedicada ao ensino do choro, tenho também a oportunidade de contribuir com a
trajetória musical de várias pessoas com interesses múltiplos relacionados à
música. Recebo em minhas turmas desde amadores até aqueles que têm pretensões
profissionais. Muitos aprendizes saem da Escola de Choro e vão direto para o
Departamento de Música da UnB, outros escolhem uma carreira que não passa
necessariamente pela experiência acadêmica. A Escola de Choro tem esse ambiente
diverso onde se encontram profissionais da música e aqueles que apenas buscam o
prazer de tocar nas rodas de choro, que vêm cada vez mais, se multiplicando
pela nossa cidade.”
Júnior Viégas (percussionista) —
“Sou professor de percussão da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello.
Minha história com a escola é longa. Entrei como aluno, sem muitas pretensões,
pois achava que não levava jeito para música, por volta de 2005. Mas pelo
destino, ou não, acabei me desenvolvendo muito rapidamente e em pouco tempo já
dava aulas como professor substituto da escola. Em 2010, entrei efetivamente
para o quadro de professores da escola e estou aqui até hoje. Já passaram por
mim ao longo desses 12 anos mais de 800 alunos e, desde então, tenho a missão
de trazer alegria, descontração, convivência e interação com outras pessoas
através da música. Pois a gente sabe que a música alimenta a alma, fortalece o
espírito e cura o corpo. Hoje, assumo somente a percussão, voltada para o samba
e choro. Nesse curso veremos as principais levadas (padrões rítmicos) e
variações de diversos instrumentos característicos desses gêneros como o
tamborim, surdo, agogô, reco-reco de madeira, ganzá, tantan e caixeta. Tudo
sempre aliando a prática à teoria. Então, além de tocar aprendemos a ler
partituras e a tocar junto com outros instrumentos. Nosso curso básico tem
duração de 1 ano, o curso intermediário dois anos e o curso avançado três
anos.”
Adileane Carvalho (canto coral) —
“Tenho licenciatura em arte com habilitação para música, pela Universidade
Federal do Amazonas. Estou radicada em Brasília desde 2015, passei a fazer
parte do quadro docente da Escola Brasileira de Choro Raphael Rabello em 2019.
Sou professora de canto coral, à frente de três turmas: básica, intermediária e
avançada, para as quais ministro, basicamente, aulas práticas. Quem se
matricula no curso precisa ter consciência corporal para que obtenha melhores
resultados com as aulas.”
Irlam Rocha Lima – Correio
Braziliense