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Não está tudo bem, mas pode ficar

Não está tudo bem, mas pode ficar

Como estará o país mais ansioso do mundo a uma semana da eleição? Não é arriscado dizer que o Brasil vive um estado de ansiedade permanente, agravado pela pandemia, que deixou consequências para a saúde mental do brasileiro. Estamos armados até os dentes, prontos para reagir e alimentar a animosidade fermentada por uma conjuntura política que gera conflitos em série.


Estamos no Setembro Amarelo, campanha que nos ajuda a refletir sobre nossa sanidade mental, mas em pleno período eleitoral fica difícil controlar a ansiedade que atinge mais de 18 milhões de cidadãos brasileiros. Que ao menos ela não se transforme em violência — esta, sim, um mal que acomete a todos de forma indiscriminada.


A uma semana das eleições gerais no país, um estado colérico permanente é terreno fértil para semear a discórdia. Quantas famílias e grupos de amigos não se dissolveram em razão de divergências políticas? Não, não vale à pena. O que vale é o esforço contínuo de exercitar o equilíbrio, a consciência política, a cidadania, o respeito à liberdade de expressão e à democracia.


O Brasil é, por sua natureza, um país formado pela diferença, pela mistura, pela pluralidade de opiniões. De forma simplista, nos definimos como pacíficos. Mas será que somos? Será que semeamos de fato o bem, a solidariedade, o amor ao próximo? Será que combatemos preconceitos e contribuímos para uma sociedade mais justa e menos desigual?


Infelizmente, não fazemos isso de forma coletiva e com união. Temos grupos isolados e minoritários fazendo o trabalho que deveria ser de todos, trabalhando pelo meio ambiente, pelo combate à fome, pela assistência aos mais necessitados, pela defesa da mulher e da população LGBTQIA , por uma sociedade menos racista. No todo, ainda somos uma nação desigual, racista e machista.


Compreender nossa condição histórica, que nos relegou esse presente ainda pouco inclusivo, é o primeiro passo para nos sentirmos melhor como seres humanos, como pertencentes ao mesmo planeta, como vizinhos que se ajudam. Eu sei a complexidade de tudo isso, mas essa consciência precisa ser a voz que nos guia até as urnas.


Temos uma escolha a fazer, tão difícil quanto necessária. E fazer isso com profunda reflexão e paz no coração é o primeiro passo para construirmos uma sociedade menos doente. Não está tudo bem, mas pode ficar. Nada nos impede de avançar nas conquistas. Pense bem nesta semana, pesquise seus candidatos e tome uma decisão baseada no coletivo.


Ana Dubeux – Foto: Ed Alves/C.B – Correio Braziliense




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