Quem estará no comando
da Secretaria de Segurança do DF na madrugada do réveillon e no dia da posse de
Lula, em 1º de janeiro? Essa é uma questão que cabe exclusivamente ao
governador do Distrito Federal. Temos trabalhado na transição para que os
projetos e ações da segurança pública continuem, independentemente de quem
esteja à frente, visando sempre a segurança e melhoria da qualidade de vida da
população.
Qual a sua missão
prioritária até o dia 1o de janeiro à frente da Secretaria? Posso dizer
que todas as missões de segurança pública são prioritárias. Mas destaco o
planejamento das operações de diplomação e posse dos governos federal e local,
e também o monitoramento das manifestações e atos públicos decorrentes deste
período eleitoral. Em outra ponta, estamos empenhados na redução dos crimes
violentos letais intencionais, da violência contra mulher, dos crimes contra o
patrimônio, entre outros.
Há algum receio de
tumulto na posse de Lula? Costumo dizer que, em se tratando de segurança
pública, esperamos o melhor, mas nos preparamos para todos os cenários. Temos
protocolos de atuação integrada que são constituídos com a participação de
todos os órgãos envolvidos, e que vêm sendo aperfeiçoados e aplicados em
eventos deste tipo. É um momento único e relevante para a história do nosso
país e as forças de segurança do DF, que têm sido referência de
profissionalismo em todo o país, estão prontas.
Como a Secretaria está
lidando com as manifestações bolsonaristas que não aceitam a eleição do
PT? O papel da segurança pública é garantir que toda manifestação,
independente da ideologia, aconteça de forma pacífica e na perspectiva da ordem
pública. Isso é garantido pela Constituição. Os casos excepcionais devem ser
avaliados e tratados individualmente pelos órgãos competentes. A segurança
pública do DF tem adotado papel de mediador, com base no diálogo, entre órgãos
de governo e manifestantes, para a garantia da segurança e da mobilidade
pública. E até o momento tem funcionado bem.
O senhor aguarda o
retorno do delegado federal, e atual ministro da Justiça, Anderson Torres, para
o cargo? O senhor foi secretário-executivo na gestão dele. Pretende
permanecer? Isso tem sido cogitado e é uma possibilidade. Porém, no
momento, estou focado nas operações em andamento e em fechar este ciclo de
governo, com resultados positivos para a população do DF.
Já definiu a sua volta
à Polícia Federal? Essa também é uma possibilidade, mas ainda não está
definido.
O senhor participou do
governo de transição local e elaborou, com sua equipe, o planejamento da pasta
para os próximos 4 anos. O que destacaria deste trabalho? Temos uma
política de segurança pública consolidada: o DF Mais Seguro, que
reúne diversos projetos que visam a redução das mortes violentas, com ações
integradas e regionalizadas; o enfrentamento à violência contra a mulher; a
melhoria da estrutura das forças de segurança, com construção ou reformas de
unidades, aquisição de viaturas e equipamentos; o aperfeiçoamento dos processos
de gestão, sempre na perspectiva da integração; concursos públicos para
recomposição dos quadros e, ainda, formação e valorização profissional. Teremos
muito trabalho pela frente!
Qual balanço faz de sua
gestão? Acredita que deixará que legado? Fechamos o ano passado com o
menor índice de homicídios dos últimos 45 anos e, este ano, conseguimos manter
a redução de casos e teremos o menor número em 46 anos, desde 1977. Ou seja,
será possivelmente o ano mais seguro da história da capital. Essa conquista se
dá, principalmente, por uma gestão técnica e eficiente da segurança pública.
Criamos diversos mecanismos de monitoramento e avaliação de nossas ações para
nos ajustar e seguir avançando. Temos, ainda, uma integração cada vez mais
consolidada das forças de segurança pública, que atuam com base em estudos, com
uso da inteligência e da tecnologia. É uma equipe de gestão técnica, de diálogo
e de resultados.
Os secretários de
segurança que passaram pela pasta, ao longo de vários governos, se queixavam de
muita interferência política. O senhor passou por isso? Sempre tivemos um
diálogo positivo com o universo político, de todas as orientações, e com representantes
de diversos segmentos da sociedade. Isso é muito importante para a elaboração
de políticas eficientes de segurança pública. O governador Ibaneis, desde o
início desta gestão, nos deu autonomia para que desenvolvêssemos nosso trabalho
de forma técnica e transparente. Isso nos deu muita tranquilidade e
independência.
É verdade que é
necessário um entendimento do GDF com Palácio do Planalto para a escolha do
secretário de Segurança na capital federal? Como o senhor avalia que deve ser
essa relação? Creio que não haja obrigatoriedade neste sentido. São
escolhas que envolvem uma série de questões, sejam elas técnicas, pessoais ou
políticas. Porém, no sentido mais amplo, acho importante que haja diálogo entre
as gestões local e federal, em todas as áreas. Na segurança pública, por
exemplo, existem diversos projetos em andamento para ampliar a integração entre
as forças de segurança dos estados e do governo federal, seja na troca de
informações, destinação de recursos para investimento, no trabalho de inteligência
entre outros.