Com profunda tristeza e indignação tomei conhecimento do vandalismo
perpetrado por terroristas/golpistas, dia 8 último, ao invadirem o Palácio do
Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal e destruírem obras
de arte — pinturas e esculturas — expostas no interior das sedes dos três
poderes da República.
Numa afronta à democracia, esses criminosos deixaram claro a aversão e o
desprezo que têm pela cultura brasileira ao danificar peças únicas e valiosas
com assinatura dos mestres Athos Bulcão, Di Cavalcanti, Bruno Jorge, Frans
Krajcberg e Victor Brecheret.
Por outro lado, prazerosamente, destaco a reforma, realizada pela
Secretaria de Cultura do Governo do Distrito Federal na Sala Cássia Eller, que
integra o complexo do Eixo Cultural Ibero-Americano — abandonada há vários
anos.
Já não era sem tempo, termos de volta um espaço tão importante para a
cultura candanga, que foi palco de espetáculos históricos e antológicos,
apresentados por artistas locais e de outras regiões do país — principalmente
os da música popular brasileira.
Me recordo, por exemplo, da época em que o teatrinho, sob a
administração da Funarte, acolheu projetos que tiveram como protagonistas nomes
estelares das diversas vertentes da MPB, como Jamelão, Nelson Cavaquinho,
Sivuca, Arrigo Barnabé, Emílio Santiago, Dona Ivone Lara, Ademilde Fonseca,
Ângela Ro Ro e Wanderléa.
Foi ali, também, onde, no começo da década de 1980, Zélia Cristina (que
depois passaria a utilizar o nome artístico de Zélia Duncan), ainda
estudante do Colégio Marista, fez sua estreia em palco. Não poderia esquecer do
show que reuniu a bluseira paulistana Cida Moreira e o roqueiro brasiliense
Renato Russo, um pouco antes do lançamento do primeiro LP da Legião
Urbana.
Mas, voltando à reforma — tomando por base as informações da Secretaria
de Cultura e Economia Criativa — a Sala Cássia Eller recebeu reparos em
infiltrações, pintura das paredes e do teto, retirada do carpete, revestimento
de piso emborrachado, inclusão de rampa de acesso ao palco, revisão do sistema
elétrico e do ar condicionado e melhorias das instalações dos banheiros.
Algo que é da maior importância:
as ações de acessibilidade respeitarão as orientações dos órgãos responsáveis
pelo patrimônio cultural do Distrito Federal. Sem definir data, a Secec anuncia
a reabertura do local para “os próximos meses”. Estamos na torcida para que
seja o mais breve possível.