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Praça do Relógio, em Taguatinga, passará por reforma completa

Memória resgatada. Projeto de revitalização da Praça do Relógio prevê mais acessibilidade, melhor iluminação, paisagismo, instalação de bancos e de e de lixeiras. A ideia é também livrar o local do tráfico e da prostituição

 

A Praça do Relógio, cartão postal de Taguatinga e um dos pontos mais emblemáticos do Distrito Federal, será revitalizada. A proposta, que está em fase de elaboração da licitação, prevê acessibilidade, mais iluminação, paisagismo, instalação de bancos e lixeiras, entre outros. Além disso, cria uma conexão com o projeto do Boulevard, planejado acima do Túnel de Taguatinga, recém batizado de Rei Pelé, que está na etapa de conclusão. A obra é um pedido antigo da população, que se entristece com a degradação do espaço. 

Vitor Recondo Freire, subsecretário de Projetos e Licenciamento de Infraestrutura da Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh), adianta que a fonte, o espelho d’água e os canteiros também serão reformados. O piso de pedra portuguesa será substituído parcialmente por um de concreto moldado in loco. “A última reforma foi para a implementação da estação do metrô, no final da década de 90”, conta.

De acordo com Vitor, no local, passam cerca de 137 mil carros, diariamente. Antes da medida, foram feitas pesquisas e consultas públicas. “As pessoas se manifestaram sobre se era interessante manter a fonte ou não, qual era o problema, o horário que mais frequentavam. Com isso, realinhamos o projeto. Entre as principais demandas estavam acessibilidade, iluminação, falta de mobiliário — como bancos e lixeiras — e a questão da segurança”, pontua. “Queremos aumentar o fluxo de pessoas na estação com o trânsito de mais pedestres. Muitas são cadeirantes e têm dificuldade de acessibilidade, deixam de usar o transporte porque as pedras portuguesas estão soltas.”

A expectativa, segundo o subsecretário, é de que o projeto aconteça em conjunto com o Boulevard do Túnel de Taguatinga. “Isso vai diminuir o custo, já que vamos usar a mesma equipe, e causar menos transtornos à população. A previsão é que acabe no fim do ano (o túnel).” Segundo Vitor, tudo vai ser colocado no edital. “Vamos criar rotas acessíveis e manter o desenho para que não se descaracterize a praça”, detalha.

Patrimônio: O plano inclui a restauração do relógio que dá nome à praça. Ele foi um presente de Eiichi Yamada, então presidente Citizen Watch, que visitou a capital em 1970. Na ocasião, encantado com os traços modernos da cidade, prometeu uma criação exclusiva da sua empresa para Brasília. 

Tombado como patrimônio cultural e artístico do Distrito Federal em 8 de setembro de 1989, o relógio tem quatro lados envolvidos por estrutura de concreto quadrada com 15 metros de altura. A peça não pôde ficar no Plano Piloto, devido ao plano arquitetônico e urbanístico. Por isso, o monumento foi transferido para a Praça Central de Taguatinga, que acabou rebatizada. “É um espaço importante, marca a história da região, e virou um ponto de referência da cidade, não só histórica, do bem, mas para sociedade”, diz Aline Ferrari, diretora de Preservação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.

 

Aline explica que todo item tombado possui uma área de entorno. Essa parte também precisa ser preservada, obrigatoriamente, ainda que não seja tombada. “Não há planejamento para o restauro do relógio, mas deve acontecer à medida em que a praça ficar pronta para evitar que a própria obra danifique o monumento”, antecipa. 

 

Ocupação: A Praça do Relógio é um marco de Taguatinga. A ideia é também oferecer segurança aos frequentadores, e livrar o local do tráfico e da prostituição, que se instalaram com o tempo. “O objetivo é que as pessoas voltem a fazer uso do espaço, sentem, conversem, que os idosos possam voltar a jogar ali”, afirma Bispo Renato, administrador regional de Taguatinga.

 

Mineiro de Caratinga, Getúlio Romão Campos está há quase 62 anos na capital e diz esperar que, desta vez, a revitalização seja efetiva. “Diversos consertos foram feitos ao longo dos anos, mas nenhum foi para valer. (...) As árvores cresceram e esconderam o relógio. Não se consegue mais vê-lo direito”, lamenta.

 

O também mineiro Justo Magalhães Moraes, 72, chegou em Brasília com a família aos 8 anos e relembra os momentos em que o local sequer existia e também aqueles em que foi palco de atos de coragem. “Os estudantes se reuniam, faziam movimentos, apanhavam da polícia, fechavam o trânsito. Havia uma presença forte da classe estudantil. Agora, esperamos que a praça volte a ser um espaço livre para manifestação cultural e artística a céu aberto. Que possamos voltar a ocupá-lo”, completa.


Ana Maria Pol – Correio Braziliense 




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