Comitê de combate ao feminicídio define
primeiras ações. A governadora em exercício, Celina Leão, externou sua
preocupação com os filhos das mulheres assassinadas, sobretudo os menores, que
muitas vezes vão parar em abrigos
Expandir para outros órgãos do Governo
do Distrito Federal (GDF) o programa Maria da Penha vai à escola, fazer
campanhas publicitárias para o combate à violência contra a mulher e dar
prioridade aos cursos de capacitação àquelas que sofrem violência foram algumas
das ações definidas na primeira reunião do Comitê de Combate ao Feminicídio,
realizada nesta quinta-feira (9), no Palácio do Buriti.
“Essa política deve ser por meio de um
enfrentamento contínuo. Nós sabemos que o resultado não será da noite para o
dia, porque será preciso mudar a cultura, todo um sistema, mas acho que vamos
conseguir com a união de todos esses órgãos e entidades que estão aqui”,
afirmou a secretária da Mulher, Gisele Ferreira. A secretária enfatizou a
necessidade de uma rápida resposta à sociedade, uma vez que, desde o início
deste ano, já ocorreu no DF um crime de feminicídio a cada semana.
A governadora em exercício Celina Leão
externou sua preocupação com os filhos das mulheres assassinadas, sobretudo os
menores, que de uma hora para outra ficam sem pai e sem mãe e, muitas vezes,
vão parar em abrigos. “A igualdade estabelecida pela Constituição não há na
sociedade”, frisou. A governadora ressaltou, ainda, a importância do projeto
Todas por Elas, lançado em 2022 pelo Governo Federal. A iniciativa é destinada
a empresas e seus funcionários, e reúne vídeos e conteúdos interativos para
capacitar e combater a violência contra a mulher no país.
Governadora em
exercício Celina Leão coordenou a primeira reunião do Comitê de Combate ao
Feminicídio, nesta quinta (9)
Uma das iniciativas mais exitosas no
combate ao feminicídio na cidade é o programa Maria da Penha vai à escola,
criado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT),
que consiste em educar para prevenir e coibir a violência contra as mulheres. A
iniciativa consiste em levar a legislação às unidades de ensino para que o
corpo docente e os alunos aprendam a importância do respeito entre gêneros. A
secretária de Educação, Hélvia Paranaguá, garantiu que o programa não só terá
continuidade como também será reforçado. A representante da Secretaria da Saúde
na reunião, a psicóloga Fernanda Falcomer, garantiu que o programa vai ser
instituído na rede pública de saúde.
Representante do TJDFT na reunião e
coordenadora do Núcleo Judiciário da Mulher, a juíza Gislaine Campos destacou a
importância de uma mudança na cultura de desrespeito à mulher. “A Justiça pode
punir, mas a violência contra a mulher deve ser tratada desde a infância”,
disse ela, ao explicar a importância do programa Maria da Penha vai à escola.
O MPDFT também faz parte do comitê. Na
reunião desta quinta, a coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos, a
procuradora Polyana Moraes, afirmou: “Sou otimista. Acredito que juntos podemos
desenvolver muitas ações”. A representante da Ordem dos Advogados do Brasil do
DF (OAB-DF), Fernanda Tubino, disse que para mudar o quadro terá que se mudar
uma cultura, mas que a união de órgãos e entidades surtirá efeitos positivos.
“A família se sente protegida pelo fato
de a escola ser acolhedora. No último feminicídio que aconteceu na cidade, em
Ceilândia, uma criança, filho de homem que assassinou a mulher, procurou ajuda
na escola. Temos o cuidado de acolher a família, além de a escola ser o lugar
onde a criança aprende a respeitar o próximo”, ressaltou a secretária Hélvia
Paranaguá.
O secretário de Segurança Pública,
Sandro Avelar, afirmou que a pasta está à disposição para atuar junto ao
comitê. Avelar destacou o fato de que 70% das mulheres assassinadas não
procuraram ajuda dos órgãos oficiais e ainda que, nesses casos, 63% dos
familiares sabiam do que estava ocorrendo. “A grande maioria das mortes
acontece dentro das residências, no ambiente familiar, por isso acredito que uma
campanha publicitária seja elementar”, defendeu.
O presidente da CEB Iluminação Pública,
Edison Garcia, disse que a contribuição da empresa será dando prioridade ao
programa Luz que Protege às regiões que, por falta de iluminação adequada, são
propícias a atos de violência. “O ponto de ônibus e o caminho das mulheres até
suas residências precisam ser iluminados para que haja segurança. A CEB
participa dessa força-tarefa fazendo com que a luz LED seja instrumento de
proteção para as mulheres”, disse.
O secretário de Comunicação do GDF,
Wellington Moraes, destacou que a campanha de publicidade a ser produzida deve
ser eficiente e efetiva. Para que esse objetivo seja atingido, ele vai se
reunir com os demais órgãos e entidades membros do comitê para definir os eixos
a serem tratados. O secretário de Trabalho, Thales Mendes, falou que a
capacitação de mulheres para o mercado de trabalho é importante para quebrar o
ciclo de violência. Ele prometeu dar prioridade às vítimas de violência nos
cursos de capacitação promovidos pela pasta.
Na ocasião, o secretário da Família e
Juventude, Rodrigo Delmasso, apresentou uma proposta de projeto de lei que cria
a Força-Tarefa de Enfrentamento ao Feminicídio. O documento deve ser apreciado
pelo grupo e, se acolhido, encaminhado à Câmara Legislativa como projeto de
lei. (Galeria de Fotos do comitê https://bit.ly/3HRkNAG )
Agência Brasília – Fotos: Renato Alves – Governo do Distrito Federal
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