Estamos a
caminho de lamentar por 10 anos o fechamento do mais importante e icônico
espaço cultural da capital do país. Pensar que Brasília, com toda a importância
que possa ter para o país e para o mundo, mantém fechado, há mais de uma
centena de meses, o Teatro Nacional, obra fincada bem no coração da cidade, é
algo assustador e, ao mesmo tempo, motivo de desalento e frustração para toda
uma classe de artistas, dentro e fora da cidade.
Eis aqui um modelo acabado do descaso com a cultura. Pensar também que a pouco mais de dois quilômetros desse teatro magnífico, e que hoje serve como uma espécie de almoxarifado para o governo local, ergue-se imponente, desajeitado e inútil o mastodonte Estádio Mané Garrincha, onde caminhões de dinheiro dos contribuintes foram criminosa e desnecessariamente despejados, dói na alma dos brasilienses de bem.
Não é por
outra razão, que muitos consideram a bagagem cultural de um governante um dos
principais requisitos para todo e qualquer gestor público. De fato, nosso principal
e mais belo palco para artes continua fechado, porque as autoridades que tinham
obrigação de cuidar desse patrimônio cultural de todos não entendem o
significado do que venha a ser arte ou cultura.
Quando um
cartão de visita, do porte do Teatro Nacional, permanece por tanto tempo
esquecido e fechado, cheio de lixo e tralhas, o que se depreende é que estamos
todos entregues em mãos despreparadas para tal missão ou sob a gestão de gente
primitiva e tosca que despreza o universo da cultura. Gente para quem artes e
artistas de toda espécie devem ser deixados à própria sorte ou ao relento.
Não são
poucos os brasilienses que se envergonham quando são perguntados, pelos
visitantes, sobre o destino atual do Teatro Nacional e das salas Villa-Lobos,
Martins Penna e Alberto Nepomuceno. O que teria ocorrido nos bastidores do
governo local e da própria Câmara Legislativa para que esse Teatro tenha sido
esquecido por tanto tempo? Não é normal, em país algum, só aos que estão
mergulhados em guerra, deixarem-se ao abandono e à ruína, teatros dessa
importância. Meninos e meninas que hoje andam por volta dos 10 anos de vida
desconhecem o Teatro Nacional, seus espaços e sua importância. E isso é
grave.
Muitos
outros moradores locais, que poderiam ter a oportunidade de conhecer a arte
nesse espaço espetacular, talvez nunca venham a ter essa experiência. Escolas,
que antes organizavam caravanas de alunos para visitar e vivenciar esse espaço
e suas apresentações, perderam essa oportunidade. O que acontece no interior
desse monumento esquecido se reflete em seu entorno próximo. Entregue ao
abandono e ao esquecimento duradouro, toda essa área belíssima, com seu
paisagismo bem elaborado, transformou-se hoje em área de valhacouto de
delinquentes e drogados, colocando em grande perigo quem ousa transitar na
região.
Para os que se contentam com pouco ou se satisfazem com as promessas vãs de que aquele espaço vai voltar à vida em breve, resta admirar, de longe a arquitetura desse prédio monumental. Como uma casca de concreto a exibir talvez, o período mais fértil de criação do arquiteto Oscar Niemeyer, o Teatro Nacional, por qualquer ângulo que se aviste, é uma obra e uma escultura de arte por si só, a iluminar as tardes e a noite da capital, sinalizando no horizonte a promessa de que seu interior e sua alma ainda hão de voltar à vida, renascendo das ruínas do abandono.
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