“A mulher é um homem incompleto.” Antes que justas
pedras me atirem, a afirmação pertence ao filósofo grego Aristóteles, aluno de
Platão. Isso mesmo, Aristóteles. Quem me contou foi Eduardo Galeano, em Os
filhos dos dias. Da Grécia para a Alemanha vamos encontrar Arthur Shopenhauer a
afirmar que “a mulher é um animal de cabelos longos e pensamentos curtos”.
Aristóteles referia-se à anatomia, Shopenhauer à natureza feminina. Para
completar, encontramos na Bíblia: “Disse Yahvé à mulher: Teu marido te
dominará”. E no Corão? Disse Alá a Maomé: “As boas mulheres são obedientes”.
Salve Galeano, as veias continuam abertas... E a misoginia também.
Salve 8 de março, mais um dia internacional para o
homem refletir sobre o papel da mulher em sua vida e na sociedade.
Dizer eu te amo à sua companheira e se perguntar:
por que não faço isso todos os dias? Deixar de ser passivo ante toda forma de
violência contra as mulheres. Respeitar essa criatura quase divina como se de
fato ela o fosse (e é). Compreender por que Victor Hugo, no séc. 19, escreveu:
“O homem está colocado onde termina a terra; a mulher, onde começa o céu”.
Fazer o “mea culpa” pela covardia e omissão ante a
prostituição infantil de menininhas indefesas e famélicas. Encontrar a sua real
dimensão e entender que não é homem só porque assim está na certidão de
nascimento, depois de sair do ventre úmido e quente de uma mulher. Reconhecer
que o que o define e distingue são atos e omissões, o que faz e o que deixa de
fazer, especialmente em relação ao outro gênero. Crescer em humildade e
apequenar-se diante da grandeza da mulher, reconhecendo-a, aceitando-a.
Em uma mulher não se bate nem com uma flor é conceito
morto. Assassinaram-no. Em seu lugar, nesse obscurantismo, comandos superiores
inspiram covardes. Exemplos arrastam, disse Sêneca. No caso, pelos cabelos,
pernas, braços, por onde se puder pegar. E pelas redes sociais, palco onde
falsos valentes valem-se do anonimato, reproduzindo caricaturas ditas
mitológicas. Deixem livres as mulheres, com sua competência, graça e beleza.
Se incapazes de amá-las, esqueçam-nas, assumam sua
aversão ao sexo oposto e tentem ser felizes.
O homem está onde a terra termina. A mulher, onde
começa o céu. A sentença de Victor Hugo nos remete a perguntar: Por que matam
mulheres? Por que os homens as humilham, as ofendem, as agridem, as depreciam?
Liberem-se de seus ódios, desprezos e da repulsão doentia em relação ao sexo feminino.
Leiam, estudem, conscientizem-se de sua misoginia,
busquem auxílio médico, porque a patologia é grave e transforma os homens em
covardes e boçais, não necessariamente nessa ordem. Esqueçam as agressões
físicas e psicológicas.
Deixem livres as mulheres, com sua competência,
graça e beleza. Estímulos à violência masculina contra mulheres vêm de toda
parte. Antes que a prática se transforme em política pública, e em matéria
obrigatória em escolas públicas e privadas, reagir é preciso. Por fim, um conselho
aos que matam mulheres e se suicidam depois: Suicidem-se antes, covardes.