“Falei com os ex-governadores
José Ornelas, com 101 anos e muito lúcido, Cristovam, Abadia, Paulo Octávio,
Rosso, Agnelo e Rollemberg e todos estamos de acordo em apoiar as iniciativas
políticas do governador Ibaneis nessa questão, inclusive visitando o senado, se
for o caso”
O senhor foi líder do governo Fernando Henrique no Senado e acompanhou as discussões sobre a criação do Fundo Constitucional. Qual foi o espírito da criação desse fundo atrelado à receita da União? O repasse de recursos para Brasília já existia desde 1960, de forma voluntária, por reconhecer que há custos da capital do País que são de todos os brasileiros. Em 2002, o que conseguimos foi colocar na Constituição. E o espírito do Roriz e do presidente FHC foi exatamente sair do caráter voluntário e colocar de forma definitiva.
Na sua avaliação, a mudança na correção do Fundo Constitucional vai representar mesmo perdas financeiras para o DF? As perdas seriam grandes, segundo o governador Ibaneis, que tem colocado isso de forma muito responsável e habilidosa.
Por que essa discussão surgiu agora? Não é a primeira vez que bancadas de outros estados tentam mexer no fundo do DF. Teve iniciativa da deputada Clarissa Garotinho e da bancada de Goiás, e das outras vezes conseguimos mostrar que Brasília, como capital, tem responsabilidades específicas. O 8 de janeiro é um exemplo disso.
Acredita que o senado vai rever a votação da câmara da semana passada? Creio que sim. E mesmo na Câmara é possível reverter esse entendimento. Falei com os ex-governadores José Ornelas, com 101 anos e muito lúcido, Cristovam, Abadia, Paulo Octávio, Rosso, Agnelo e Rollemberg e todos estamos de acordo em apoiar as iniciativas políticas do governador Ibaneis nessa questão, inclusive visitando o senado, se for o caso. Todos nós somos conscientes de que Brasília não tem como ser administrada com cortes no fundo. Liguei para o governador Ibaneis e passei para ele essa nossa disposição.
Brasília precisa buscar mais independência da União? Como? Brasília, como capital, não pode e não deve ter essa total independência. Somos hospedeiros dos poderes da República, das embaixadas, e isso nos dá responsabilidades muito específicas, além de limitações ambientais e outras.
Como será o futuro de Brasília? Eu espero que, no futuro, Brasília continue sendo mais que capital, como pensaram JK, Darcy Ribeiro, Anísio Teixeira e outros pioneiros, mas sendo exemplo a ser seguido na segurança, na saúde e na educação pública.