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Viva Elza e Rita!

Viva Elza e Rita! O universo da música popular brasileira perdeu recentemente o brilho de duas das suas mais reluzentes estrelas

O universo da música popular brasileira perdeu recentemente o brilho de duas das suas mais reluzentes estrelas: Elza Soares e Rita Lee, que partiram para outra dimensão. A sambista, em 20 de janeiro de 2022, e a roqueira em 8 de maio deste ano.


De formas diversas, o legado de ambas tem sido reverenciado por fãs das mais diversas gerações. Para manter viva a memória das duas, há também o resgate do que elas deixaram registrado, a partir do lançamento — ou relançamento — de discos.


No tempo da intolerância é o título do álbum de Elza que saiu pela Deck. Produzido por Rafael Ramos, gravado no período soturno vivenciado pelo país, traz 10 faixas, garimpadas do caderno de memórias de Elza, nas quais se posiciona ideologicamente, como defensora dos direitos civis. Ela tem como parceiros, em sete faixas, Pedro Loureiro, Jefferson Júnior, Umberto Tavares e Dona Ivone Lara.


Certamente, não é por acaso que logo na abertura do repertório ouve-se Justiça. A faixa título lhe permite ironizar, quando canta: "No tempo de intolerância/ Acordou com o pé esquerdo/ Tem que ir pra Cuba".


Outras faixas com temática social são Mulher pra mulher e Pra ver se melhora, que num trecho da letra diz: "Pra ver se a justiça chega agora/ Pra ver se melhora/ A fome tem pressa/ Mas a grana não sobra".


Há também composições que celebram a "mulher do fim do mundo", considerada a maior cantora do século 20 pela BBC de Londres: Feminelza, composta por Pitty, e Rainha africana, fruto da parceria de Rita Lee e Roberto Carvalho.


Já a Universal acaba de disponibilizar, agora em vinil, o disco que Rita Lee havia lançado em 1998, pelo projeto Acústico MTV, com produção e direção musical de Roberto Carvalho (parceiro de vida e de música). Ela havia sido pioneira neste formato, com o álbum Bossa'n'roll, em 1991.


No Acústico, gravado no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, a cantora teve a acompanhá-la uma autêntica big band, formada por Beto Lee (violão e bandolim), Lee Marcucci (contrabaixo acústico), Guga Stroeter (vibrafone), Paulo Zinner (bateria), Ary Dias e James Muller, Mauro e Maurício (vocais).


Para o set list, foram selecionadas músicas que se tornaram marcantes na trajetória de Rita, entre as quais Agora só falta você, Lança perfume, Nem luxo, nem lixo e, claro, Ovelha negra. Em Mania de você, ela teve a companhia de Milton Nascimento.


Há, ainda, a participação de Cássia Eller, Paula Toller e dos Titãs em Luz del Fuego; Desculpe o auê e Papai me empresta o carro, respectivamente; enquanto Armandinho Macedo toca bandolim na faixa Balada do louco, clássico do seminal Mutantes. O Acústico, com estrondosa vendagem, conquistou, à época, discos de ouro e platina e transformou-se num clássico da obra de Santa Rita de Sampa.


Irlam Rocha Lima – Arte:  kleber sales – Correio Braziliense 




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