Buenos
Aires – Em meio a uma situação econômica dramática, a Argentina está em
contagem regressiva para as eleições presidenciais. Os estilhaços da briga
acirrada entre os concorrentes voaram para cima do presidente brasileiro, Lula
(PT). O petista é associado ao peronismo, representado pelo atual presidente
argentino, Alberto Fernández, e ao seu candidato, o atual ministro do Economia,
Sérgio Massa. O rival deles, o ultraliberal, Javier Milei, de extrema direita,
comparado a Bolsonaro, disparou no Twitter que Lula é “um comunista
furioso” e o acusou de tomar “ações diretas contra a sua candidatura”.
Foi uma
reação ao movimento do Banco de Desenvolvimento de América Latina (CAF)
liberar um empréstimo à Argentina via o FMI, que teria contado com influência
de Lula. Os países-membro do Banco teriam aprovado o envio do
recurso diretamente em nome da Argentina, garantindo um desembolso de US$ 1
bilhão ao país.
Moro reforça coro de Milei : Javier até ganhou apoio do senador Sérgio Moro. O ex-juiz também nas redes sociais criticou o presidente brasileiro. “Não satisfeito em desarrumar a economia brasileira e nos colocar rumo a uma crise fiscal futura, Lula tenta afundar a Argentina ajudando o kirchnerismo nas eleições presidenciais contra Millei e Bullrich. Alívio em prazo curto não altera a gestão econômica ruinosa do populismo de esquerda na Argentina.”
Segundo a
Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), a ministra
do Planejamento Simone Tebet negou publicamente “que tenha recebido ligação ou
orientação do presidente Lula quanto ao empréstimo à Argentina e que assim não
procede o que foi publicado ontem à noite”. Tebet é a liderança brasileira no
Banco de Desenvolvimento da América Latina e teria o poder para chancelar a
operação. Em tese, a Argentina não poderia mais receber recursos por ter
esgotado o limite de crédito.
Escândalo
atinge campanha de Massa: Para apimentar ainda mais a disputa eleitoral,
os escândalos surgem conforme a proximidade do dia da eleição. Os jornais ontem
na Argentina estampavam fotos de uma modelo que estava viajando pela Espanha
com o chefe de gabinete do governador da província de Buenos Aires, Martín
Insarraulde. Ela publicou fotos nas quais ele aparece ostentando em passeios de
barco, com bebidas caras, relógios e artigos de luxo. O político é aliado
próximo de Milei e concorre a um cargo parlamentar. Pegou muito mal tanto luxo num
momento em que o país passa por gravíssima crise econômica provocando o
empobrecimento da população.
Empresários
apoiam candidata do centro: As eleições ocorrem em 22 de outubro , e
Javier Milei está liderando as pesquisas. Ao se proclamar como o candidato
anticasta política, apresentando-se como a nova opção, conquista o voto de
protesto em todas as classes sociais.
O
empresariado argentino não aderiu à aventura de Milei. A maioria prefere a
candidata Patrícia Bullrich, de centro, que foi ministra da Segurança Pública
do governo Macri (2015 a 2019).