Desde os tempos da Grécia Clássica (sec. V a.C), os filósofos já
admitiam que a única hipótese para que um Estado fosse voltado totalmente para
a realização e benefício real de seus cidadãos era entregar o governo e a
gestão de cidades a pessoas instruídas e sábias. Os dirigentes que Platão
gostaria de ver governando adequadamente um Estado eram os filósofos,
especialmente capacitados, escolhidos livremente por seu caráter e sua
incorruptibilidade e, assim, por possuírem uma compreensão mais profunda e acurada
da realidade em comparação às pessoas comuns.
Desde aqueles tempos, já havia uma ideia de que governar uma República,
onde os bens do Estado são de domínio público, não era uma tarefa de fácil
desempenho e, portanto, deveria ser delegada apenas às pessoas com instrução e
com os necessários preparos prévios. Ao longo da história humana, é fácil
perceber que, fora dessa fórmula, os resultados foram sempre catastróficos para
a população.
Reis, generais e outros líderes que buscavam compensações materiais, por
meio de invasão e anexação de mais territórios, com a submissão e escravidão
dos povos vencidos, conseguiram, por sua ganância desmedida, tornar a vida de
seus cidadãos um martírio sem fim, com guerras e muito derramamento de sangue.
A sabedoria aqui pressupõe governar sob a orientação dos valores do
humanismo, reforçados com boa dose de espírito cristão. É a falta desses
atributos humanos que identificamos ainda no mundo hodierno. Buscando a raiz
dos conflitos que hoje flagelam parte da humanidade, vemos, com mais clareza,
que a maioria das nações em crise é, na sua grande maioria, governada por
indivíduos ou grupos distantes das virtudes do saber. Tem sido assim mundo
afora e é assim também no Brasil de hoje.
Interpretar o entorno imediato e, consequentemente, o mundo ao redor
exige boa dose de sabedoria e discernimento. Nesse contexto, vale, para aqueles
que conhecem ou se interessam pela história, um pouco dos fatos que nos levam
do passado ao presente, deixando claro o que se passa agora no conflito entre
Israel e o grupo terrorista Hamas.
Em 1947 a ONU, recém-criada, fez uma proposta de partilha do território,
em que israelenses e palestinos ficariam com a mesma área territorial.
Jerusalém passaria a ser uma cidade de domínio internacional. Os israelenses
aceitaram essa proposta, mas os palestinos e árabes não. Ainda em 1937, a
Comissão Peel, criada pelo governo inglês, propôs uma divisão em que, aos
palestinos, era dado 80% do território, cabendo aos israelenses apenas 20%.
Mesmo assim, os israelenses aceitaram a proposta. Os palestinos, não.
Em 1947, depois do genocídio dos judeus, perpetrado pelos nazistas, a
ONU pretendeu resolver a situação e fez uma segunda proposta, que logo foi
aceita pelos judeus. Os palestinos e a Liga Árabe, mais uma vez disseram não e
declararam guerra aos israelenses. Em 1948, Ben-Gurion declarou o Estado de
Israel como independente. Em seguida, os árabes declararam nova guerra aos
israelenses.
Em 1967, com a Guerra dos Seis Dias, Israel assumiu os territórios da
Cisjordânia e da Faixa de Gaza. Em troca de uma trégua e de paz, Israel
ofereceu esses territórios conquistados para os palestinos fundarem seu Estado.
A Liga Árabe respondeu com os “três nãos”: não para a paz com Israel; não para
o reconhecimento de Israel; e não para negociações com Israel.
Em 2000, nova proposta de partilha do Estado de Israel. O governo de
Israel ofereceu, naquela ocasião, toda a Faixa de Gaza, 94% de toda a
Cisjordânia e ainda metade de Jerusalém para que fosse a nova capital dos
palestinos. Yasser Arafat recusou a proposta e nova guerra ou intifada é
declarada contra os judeus, durando até 2005. Em 2008 nova proposta é feita e é
recusada pela autoridade palestina. Nessa fase, o Hamas já havia avisado que
não aceitaria qualquer que fosse o resultado das negociações.
Em 2006, o Hamas assume o governo da Faixa de Gaza, persegue opositores,
coloca toda a população como refém, instala uma ditadura islâmica na região e
passa a atacar periodicamente o Estado Judeu. Para os que não entendem o
problema com aquela região, é preciso dizer que não existe um Estado Palestino,
mas um território completamente dominado pelo terror do Hamas, que usa aquela
população como refém e escudo para seus atentados.