Com janelas imponentes e corredores misteriosos, uma fortaleza
chama atenção das crianças que passeiam pelo Parque da Cidade Sarah
Kubitschek. Ávidos por colocar os pés na areia e conquistar
o seu espaço no Castelinho, os pequenos não perdem tempo quando o assunto é
diversão. Agora colorido, limpo e seguro, o playground é, também para os
adultos, símbolo de boas memórias afetivas.
A memória do suco e do bolo de chocolate compartilhados em
família, nos gramados do playground, é a que mais lhe gera saudades.
"Enquanto a gente se divertia, minha mãe ficava sentada nos observando e
costurando roupas para minhas bonecas", disse. Com o passar dos anos,
porém, o local ficou abandonado e tornou-se perigoso. "Uma pena para as
crianças, né?".
Agora reformado, o espaço voltou a chamar sua atenção. "Hoje,
trouxe meus filhos pela primeira vez e estou muito feliz com a revitalização.
Está mais seguro, colorido e acessível, então, virei com uma frequência
maior." Os gêmeos Luca e Giovanna, de 1 ano e 6 meses, também
aprovaram o espaço. "Eles estão livres e, sentindo-se independentes,
caminham por todos os lados e já conseguem subir as escadas", comemorou
Elaine.
Melhorias: A bancária Mônica Bassoli, 45, passeava, a
cada dois meses, pelo Castelinho. Dessa vez, trouxe a sobrinha Lana, de 5 anos,
para também ter essa experiência. "Antes da revitalização, eu até vinha
com ela, mas não me sentia segura e achava muito sujo. Agora, todo colorido e
bem estruturado, está lindo", celebrou. No interior do parquinho, a
pequena brincava, concentrada, de massinha de modelar com os amigos. "Lana
acha que aqui é a casa dela, sua própria fortaleza", acrescentou, aos
risos.
Já para Ramon Nascimento, 38, as mudanças foram positivas, mas
ainda há o que melhorar. "Faltam bebedouros próximos ao espaço. Além
disso, disseram que haviam reformado a estrutura dos brinquedos, porém não
notei diferenças. O ponto positivo é que colocaram um vigilante para garantir a
segurança do local, que sofria com depredações", argumentou.
O servidor público aproveitou o feriado de Dia do Evangélico para
levar os filhos Aurora, 5, e Augusto, 3, ao Castelinho. "De toda forma,
viremos ao menos uma vez por mês, pois as crianças gostaram bastante, tanto que
estamos aqui há três horas", comentou Ramon.
Para Luiz Gustavo Cavalcanti, 41, que coleciona histórias no
playground, o local é uma das melhores áreas infantis de Brasília. Quando
criança, ele se recorda das brincadeiras de esconde-esconde e até da
participação em festas de aniversário dos familiares.
Dessa vez, trouxe os pais, a sobrinha Betina, de 6 anos, e as
filhas Clara, 4, e Catarina, 1 ano e 6 meses. "Tinha uns 20 anos que
eu não vinha aqui. Hoje, quis revisitar um pouco da minha infância e aproveitei
para trazer a família. É a primeira vez das meninas no Castelinho",
contou. Betina e Clara elegeram sua parte preferida: o escorregador.
"Ainda estamos conhecendo, mas queremos voltar outras vezes", disse a
mais velha.
Mais segurança: O espaço que esbanja nostalgia
para o servidor público Wellington Souza, 56 anos, também é motivo de
preocupação. Há quatro dias, frequentadores do parque encontraram um corpo a
poucos metros do local. Era de um homem, aparentemente em situação de rua.
Wellington lembra que não é a primeira vez que isso acontece, mas considera que
o problema não está no Castelinho. "Há uma necessidade de mais segurança
no Parque da Cidade como um todo. Não me sinto seguro para caminhar aqui à
noite, por exemplo", disse.
Procurada, a
Secretaria de Esporte e Lazer informou que tem atuado com veemência para
fortalecer a segurança no Parque da Cidade. Diversas ações foram implementadas
no local. A mais recente foi o reforço na iluminação do Ana Lídia, ação que
será estendida a todo o Parque da Cidade. Além disso, há a permanência efetiva
de policiais militares ciclistas, polícia montada e motorizada e o
monitoramento feito por câmeras.