Ninguém precisa ser graduado em
economia para perceber e sentir, no bolso, que a inflação voltou com força,
principalmente neste último trimestre. Para tanto, basta fazer uma visita ao
supermercado ou a um shopping para se certificar de que os preços em geral
estão com forte tendência de alta.
A inflação prevista para este final de ano gira em torno de 5%. Para o ano que vem, os números iniciais fixam uma inflação no mesmo patamar. As causas, segundo os economistas, estão na disparidade entre as receitas e os gastos. A previsão para fechar o ano de 2023 é que o país feche o ano com um déficit de R$ 203 bilhões.
Também as estatais, defendidas a
todo custo pelo atual governo, deverão fechar este ano com um rombo superior a
R$ 6 bilhões. Em qualquer direção que o cidadão possa observar a economia, os
números que surgem são sempre negativos. As donas de casa sabem muito bem que
os preços dos alimentos estão subindo por causa das más ações do atual governo
na economia. Sabem também que se não fosse o agronegócio, tão demonizado pelo
chefe do Executivo, os preços estariam muito mais altos e haveria escassez de
produtos nas prateleiras.
Não há o que comemorar nessa
área. Com relação às contas macroeconômicas, é preciso lembrar que a dívida
bruta, relativa ao Produto Interno Bruto (PIB) subiu para 74,7%, em outubro
deste ano, atingindo R$ 7,9 trilhões. E é aí que mora o perigo. Ao contrário do
que afirma o governo, a atual gestão não herdou um país com economia no
vermelho. O governo passado deixou um superávit de R$ 26,3 bilhões. Ou seja,
saiu e deixou dinheiro em caixa.
Atualmente as receitas nominais,
juntamente com as receitas reais, estão indo ladeira abaixo. Tanto o mercado
financeiro, ligado na atual situação da economia do país, como o Banco Central
já projetam um endividamento de 89% a 90% em 2032.
De acordo com analistas, a
chamada PEC da Transição, imposta pelo governo assim que assumiu o mandato,
poderá fazer com que a dívida pública alcance 90% do PIB, ainda no mandato do
atual governo. Caso essas projeções se confirmem o país adentrará para um novo
e perigoso momento. A partir de um ponto tão alto como esse, as políticas
monetárias, que nada mais são do que as ações adotadas pelo governo na
economia, passam a não surtir mais quaisquer efeitos práticos. Mesmo a
existência de uma equipe econômica no governo passa a não ser mais necessária.
A partir desse ponto, o que
prevalece, mesmo sem efeitos, são decisões paliativas e o país passa a se ver
numa espécie de encruzilhada ou labirinto sem saída. Para controlar tal
situação, de nada adianta aumentar os juros para controlar a inflação, porque a
dívida explode. Do mesmo modo, de nada serve diminuir os juros para diminuir a
dívida, porque a inflação irá também explodir.
Nesse estágio, que os
economistas classificam como Dominância Fiscal, até mesmo a existência de um
governo fica sem sentido, porque não há mais o que ser administrado e
controlado. O desequilíbrio das contas públicas não é segredo para ninguém.
Contudo, o que pouca gente sabe, é que o descontrole dos gastos, como observado
desde janeiro deste ano, aumentam as chances de o Brasil perder o controle da
situação, arruinando a economia interna a tal ponto que a confiança
internacional deixa de existir. A saída do atual presidente do Banco Central e
sua substituição por alguém mais afinado com o modelo desse governo, é outro
fator que pode acelerar a chegada da Dominância Fiscal. A perda do equilíbrio
fiscal é uma possibilidade cada vez maior graças à falta de prudência do
governo com a economia.
Num cenário como esse, em que o
beco sem saída se aproxima, o melhor é providenciar logo uma proteção das
economias de cada um. De preferência longe do alcance do governo. Isso é, para
quem pode fazê-lo.