Especialistas em movimentações
financeiras e peritos em seguir os intrincados caminhos tomados pelo dinheiro
de origem duvidosa e suspeita, sabem muito bem que o crescimento exponencial
dos ambientes de jogos de azar no Brasil veio para a complicar o trabalho da
polícia, ao mesmo tempo em que vai aplainando as trilhas operadas pelo crime
organizado. Ninguém, em sã consciência, pode acreditar que a expansão das casas
e sites onde a jogatina corre solta veio para contribuir com impostos e geração
de mais empregos, ajudando, assim, o crescimento da economia do país. Jogos de
azar, por sua própria denominação, representam azar e perda para a imensa
maioria daqueles que gostam de fazer apostas e ao contrário, muita sorte e
ganhos fáceis para os proprietários desses estabelecimentos, sobretudo os
ocultos.
Na ponta do sabre da lei, esse
tipo de negócio opera com trinômio: desonestidade, esperteza e impunidade e vem
na esteira da leniência de nossa Justiça e na corrupção que infesta muitos
setores ligados à fiscalização dessas atividades.
Para o cidadão de bem, que foge
desses ambientes viciosos, a expansão desse tipo de negócio irá favorecer o
fortalecimento financeiro dos grupos ligados ao crime organizado. Trata-se,
para muitos críticos dessas atividades, de uma verdadeira lavanderia de
dinheiro, instalada a céu aberto e com a proteção e complacência do Estado. É
preocupante notar que, num país com tantas dificuldades, algumas delas já
vencidas há séculos pelos países desenvolvidos, os jogos de azar venham
ganhando popularidade.
Como é fácil enganar a
população, sobretudo aquela formada por indivíduos com pouca escolaridade.
Políticos e empresários favoráveis a essas atividades sabem disso. Os cassinos
online no Brasil estão por todo o lado, ao simples acionar de uma tecla, e vêm
fazendo estragos às economias das famílias.
País subdesenvolvido como o
nosso e que parece ser, cada vez mais, resultado de um projeto político medonho
muito bem pensado é o paraíso para a jogatina. Sabedores dessa espécie de zona
franca estabelecida pelos jogos de azar, empresas estrangeiras, vieram para cá,
cheias de planos e vontade de ganhar dinheiro fácil. O Brasil, terra de nosso
Senhor, já conta com aproximadamente seis centenas de sites de apostas, onde
circulam livremente centenas de milhões de reais.
Com as facilidades oferecidas
pelo mundo digital, a construção de cassinos reais ficou para trás e hoje quase
40% dos apostadores online jogam fora seus recursos, em cassinos virtuais. A
roleta, o blackjack, jogos de mesa e caça-níqueis fazem a ilusão dos
apostadores e a alegria de muitos empresários ligados à contravenção e outros
crimes. Junto ao Congresso e ao governo, os lobbies seguem forte e a questão
ganha prioridade junto aos políticos, sobretudo aqueles que gostam de dinheiro.
Dizer que a taxação dessas casas de apostas irá para seguridade social,
esportes ou turismo é desculpa daqueles que sabem que isso jamais irá ocorrer.
Jogos de azar, por sua tradição e história, estão ligados umbilicalmente à
contravenção e ao crime, sendo muito mais motivo de preocupação do que de
distração. Aposentados e outros pequenos poupadores são atraídos para esses
jogos e sugados em suas economias. O cartão de crédito e o Pix facilitam toda a
transação e prejuízo, para esses apostadores. Gente famosa, entre jogadores e
artistas são contratados para servir de chamariz para esses negócios. Empresas
de jornalismo e a mídia como um todo é patrocinada com o dinheiro desses novos
cassinos.
Ninguém ousa falar a verdade
sobre o que ocorre. Nunca foi tão fácil apostas em jogos de azar no Brasil,
anunciam esses empresários e amigos do alheio. Falar em transparência nesses
negócios é outra falácia ou música para boi dormir. Nunca haverá luz do Sol
sobre essas atividades, pois elas operam no escurinho, à meia luz ou à luz de
velas, num clima romântico semelhante aquele existente nos Estados Unidos
durante a Lei Seca.
Pelos smartphones, os apostadores fazem sua fezinha onde quer que estejam, mesmo durante o horário de expediente. No Brasil, quase 100% dos apostadores fizeram seus jogos via smartphones. Também o Pix já representa quase 100% das operações de depósitos por ocasião das apostas. O Governo Federal, que mantém suas loterias e casas de jogos abertas por todo o país e comandadas pela Caixa Econômica, finge não ver a transformação do Brasil num imenso cassino virtual, com o dinheiro da população correndo a rodo para o bolso desses empresários espertalhões. Não há como negar que a população em geral sente um certo prazer mórbido em ser iludida por políticos e por esses novos bicheiros.