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Os encontros e encantos de Mercedes

Os encontros e encantos de Mercedes. Em seu segundo livro, a pioneira e testemunha da história de Brasília, nos faz passear por lugares antigos que fazem parte da memória afetiva de muitas e muitas pessoas 


Depois de uma visita que recebi nesta semana, pensei em sugerir neste artigo um brinde às mulheres com histórias. Mas poderia soar um ato falho, já que reconheço que todas nós temos histórias para contar, independentemente da origem ou trajetória. Nada mais bonito que um passado vivido, do que as experiências acumuladas — e nem faço distinção entre lembranças tristes ou alegres. De qualquer forma, somos o que vivemos e eternizamos nas memórias.


Existem, porém, pessoas que têm a coragem e a ousadia de contá-las. E também o orgulho. Quantas mulheres incríveis deram depoimentos fantásticos nas páginas do Correio! Mercedes Urquiza é uma delas. Já teve a generosidade de partilhar suas histórias muitas vezes com repórteres de diferentes gerações deste jornal. E que honra foi recebê-la mais uma vez para uma conversa.


Viajei no tempo. No tempo de Mercedes e das mulheres pioneiras de Brasília, frequentemente negligenciadas ou pouco lembradas na memória candanga. Pontuo aqui uma exceção: o documentário Poeira e Batom no Planalto Central, de Tânia Fontenele, que conta a história de 50 mulheres candangas.


Aos 85 anos, Mercedes vai lançar seu livro, o segundo, em março. Visitou nossa redação e, para meu deleite, me contou histórias — as suas, que são recheadas de Brasília, a remota e a presente. Jornalista, ela chegou à capital em 1957. Com apenas 18 anos, fez uma viagem de 48 dias num jeep para contar a epopeia da construção de Brasília (o relato está no primeiro livro). Para o periódico argentino La Nación, entrevistou Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, Che Guevara e outros.


O livro A Nova Trilha do Jaguar: Brasília, minhas memórias também nos faz passear por lugares antigos que fazem parte da memória afetiva de muitas e muitas pessoas, como os restaurantes Chez Willy, Pizzaria Kazebre 13, Gennaro e Benny's e as boates Macumba, Pillango e Tendinha. O leitor voltará no tempo como convidado VIP da festa da cumeeira do Palácio do Itamaraty, realizada em 1966.


Mercedes é uma testemunha da história de Brasília e uma personagem de extrema importância para a capital. Como produtora cultural, colocou a cidade também no mapa internacional, atraindo o interesse de figuras históricas. Amei passear por Brasília a bordo de suas maravilhosas memórias. Os leitores também vão adorar.


Ana Dubeux – Foto Ed Alves – Correio Braziliense




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