A eterna busca por um melhor transporte público. Difícil a semana em que não se registrem dois ou três ônibus quebrados pelas ruas da cidade, reboques acionados e uma fila interminável de passageiros à espera pelo socorro salvador
As
cidades brasileiras, e suas comunidades, ao longo do tempo se acostumaram a
viver entre tapas e beijos com suas mazelas e agruras. Aqueles problemas que
cada um administra como pode. O cardápio de cada uma é rico e variado, para
alguns sobram tapas, para outros faltam beijos. Pode ser exagero, mas de
repente Brasília se candidata, com todas as honras, para se transformar em uma
das cidades com mais problemas no transporte público do país. Seria injusto
creditar essa culpa, ou pecado, ao governo local.
As
cidades brasileiras, e suas comunidades, ao longo do tempo se acostumaram a
viver entre tapas e beijos com suas mazelas e agruras. Aqueles problemas que
cada um administra como pode. O cardápio de cada uma é rico e variado, para
alguns sobram tapas, para outros faltam beijos. Pode ser exagero, mas de
repente Brasília se candidata, com todas as honras, para se transformar em uma
das cidades com mais problemas no transporte público do país. Seria injusto
creditar essa culpa, ou pecado, ao governo local.
Fácil
deduzir, simples assim. O GDF, faz a sua parte, abre as concessões, estabelece
normas, contrata as empresas, ajusta acordos e o serviço passa a existir. Não
se sabe por que, a impressão que se tem é que as empresas, quase todas elas,
não se sensibilizam com o conceito da opinião pública sobre elas. A classe
política e a sociedade civil sabem que não há fiscalização mais eficiente do
que aquela que vem da comunidade. E nos últimos tempos o registro de queixas
contra as empresas cresce dia após dia.
Difícil
a semana em que não se registrem dois ou três ônibus quebrados pelas ruas da
cidade, reboques acionados e uma fila interminável de passageiros à espera pelo
socorro salvador. No metrô também há problemas. Há quem diga que o sistema está
fadigado. Aqui, confirma-se a máxima de que toda ocorrência gera consequência.
A falta de um transporte público eficiente e confortável, obriga o cidadão a
sempre buscar o uso do carro.
Os
congestionamentos aumentam, a população sofre, e o estresse é inevitável.
Evidente que esse caos não é privilégio de Brasília, mas o que a comunidade
pede é que alguém com o poder de decisão se apresente e esboce alguma
providência para que esse mal não se perpetue. Que se faça junto a essas
empresas uma cobrança por mais cuidado na preparação de equipes. Que exija
frotas de veículos que atendam o cidadão sem os atropelos incômodos.
Fatos
como esses, sem a culpa do governo local, mancham de certa forma a imagem da
administração que se esforça para ser correta. Os governantes, todos eles,
cumprem seus mandatos e se empenham para deixar legados, registros de sua
gestão no cargo. No caso de Brasília, o transporte público pode se transformar
na mais perturbadora herança, legado ruim. Há que se registrar, com justiça,
que o governador destinou a cidade obras importantes, e deve se precaver para
evitar ser atropelado pela avalanche de problemas gerados no transporte
público. Sem saudosismo, vale lembrar aqui o que fizeram alguns ex-governantes
de Brasília, para deixar seus nomes na história da capital do país.
O
primeiro prefeito da cidade, Israel Pinheiro, nomeado em 1961, deixou como
legado o pioneirismo de administrar uma cidade em construção. Depois dele,
Wadjô da Costa Gomide, que foi prefeito de março de 1967 a outubro de 1969,
deixou seu registro na história com a criação da Companhia de Eletricidade de
Brasília, a construção do Palácio do Buriti e a inauguração da cidade do Guará.
O
gaúcho Hélio Prates da Silveira construiu a Ponte das Garças, o Ginásio Nilson
Nelson, o Hospital de Taguatinga e entregou Ceilândia aos moradores. O baiano
Elmo Serejo Farias, engenheiro civil, governou a cidade de abril de 1974 a
março de 1979, em pleno regime militar. Pesquisas da época indicavam um saldo
positivo sobre a atuação de Farias. Terminou a obra da Ponte Costa e Silva, fez
o viaduto que hoje liga as avenidas W3 Sul e W3 Norte, duplicou a avenida W3
Norte e inaugurou o Parque da cidade, com o nome do filho, Rogério Pithon
Farias, que morreu vítima de acidente de trânsito.
Joaquim
Roriz, administrou Brasília de 1991 a 1994, e depois, reeleito, de 1999 a 2002.
Populista, polêmico e talvez o mais votado governante de Brasília até os dias
de hoje, Roriz ainda teve um terceiro mandato. Foi em seu governo a
consolidação e construção da obra do metrô, a inauguração de Samambaia e a obra
do Park Shopping. Roriz, goiano raiz, também é o responsável pelo surgimento
dos condomínios, espalhados pelas quatro regiões de Brasília. Pesa sobre ele a
crítica de que sob sua gestão, Brasília sofreu invasão de áreas públicas e a
formação de comunidades sem o amparo legal das instituições. Sua história
política em Brasília o transformou num mito para milhares de seguidores, e a
sua passagem pelo Palácio do Buriti ainda nos dias de hoje é relembrada,
inclusive pelos adversários de diferentes correntes políticas.
A
história registra um intenso mutirão de obras na gestão de José Roberto Arruda,
que deixou o governo atropelado por uma devastadora série de denúncias, que na
época o levou à prisão, e até hoje o obriga a dar sucessivas explicações à
justiça. Mas seu legado de obras é um fato. O sistema de transporte coletivo de
Brasília sugere que haja uma série de medidas radicais, para que se evite que o
mal cresça, e aumente ainda mais o transtorno e angústia da população. Não
seria justo com o GDF prejudicar o legado do governo atual.