O
desastre que o presidente Lula acaba de impor ao bom nome do Brasil nas suas
relações internacionais é um desses casos de erro cometidos com a intenção de
errar, a determinação de errar de novo e a ilusão de que o erro é um acerto. É,
com certeza, um sinal de mau tempo para o Brasil na sua convivência com o resto
do mundo. Os comentaristas, e especialistas, e analistas que nos instruem a
respeito do assunto dão a impressão de que levam a sério a “política externa”
de Lula – e isso é uma garantia a mais de piora para o que já está muito ruim.
Essa
“política externa” não existe. O que existe é um esforço do governo para
reproduzir lá fora o que imaginam fazer aqui dentro. Acham que estão
construindo o “socialismo” na sociedade brasileira. Estão achando, em
consequência, que também precisam empurrar o Brasil para o purgatório dos
países, sobretudo das ditaduras, que se opõem ao “capitalismo”. Não tem nada a
ver com os interesses da população brasileira. É uma anomalia.
A
política externa do Brasil voltou aos anos 50, quando a prioridade, em vez de
atender aos interesses nacionais, era alinhar-se ou com os Estados Unidos ou
com a Rússia.
A
quase declaração de guerra à Israel feita por Lula, porém, é tratada por muitos
como uma questão perfeitamente normal de escolha entre opções diplomáticas
racionais – quais são os “prós” e quais são os “contra” de ficar com as
ditaduras do Terceiro Mundo, hoje chamado “Sul Global”, em vez das democracias
do Primeiro. O problema fundamental é que não há “prós”.
A
diplomacia de Lula, de Janja e de Celso Amorim, o ministro do Exterior que está
valendo, acha que é uma vitória aliar-se com o Irã, a Venezuela e os
terroristas do Hamas para mostrar “independência” diante dos Estados Unidos, da
Europa e do mundo democrático. Pensa, a cada vez que faz uma agressão a eles,
que teve mais uma “vitória”. Aí complica. Se o time está levando de 7x1, como é
o caso do Brasil na verdadeira competição econômica mundial, e acha que o seu
gol é uma prova de força, a única possibilidade real é perder o jogo de
goleada.
A
política externa do Brasil voltou aos anos 50, quando a prioridade, em vez de
atender aos interesses nacionais, era alinhar-se ou com os Estados Unidos ou
com a Rússia – com o mundo das liberdades políticas, civis e econômicas, ou com
o mundo em que o “Estado” é o ente supremo. Lula, em suas miragens de
“liderança mundial”, Prêmio Nobel da Paz e a invenção de um Brasil imaginário,
capaz de “influir no mundo” com uma população largamente analfabeta e sem
produzir um único chip, colocou o país ao lado das ditaduras, do atraso
econômico e do culto à pobreza.
Nos
momentos mais agitados da sua estratégia mundial, acredita-se habilitado – e
muita gente acredita com ele –, a obrigar o mundo rico a “fazer concessões” ao
Brasil e aos parceiros do “Sul Global”, dos “Brics” e de outros ectoplasmas.
Não se explica de forma coerente, claro, quais são exatamente essas concessões
– e por qual razão prática os Estados Unidos e outros países achariam um bom
negócio atender as exigências de Lula. Estariam com medo de um boicote do
Brasil, do Congo Belga ou da Faixa de Gaza? É por aí que se vai.