Após
o ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello,
criticar o "desgaste" da Corte por conta da atuação no âmbito da
operação da PF que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, o
coordenador do Grupo Prerrogativas, Marco Aurélio de Carvalho, disse que o
ministro “carrega no DNA o apreço pelo autoritarismo”.
O
coordenador do Prerrogativas afirmou que a declaração do ministro causa
“espanto”, mas não surpresa.
“Desgaste
para o Supremo é a fala de um ministro que faz esforço retórico para
relativizar graves crimes contra a democracia e contra o próprio tribunal que
integrou. De toda sorte, não é exatamente uma novidade”, disse Carvalho em
entrevista ao Poder360, nesta terça-feira (13).
Carvalho
disse ainda que o ministro “abraçou o bolsonarismo e só não foi engolido por
ele porque saiu da Corte”.
Um
dia antes da declaração de Carvalho, o ministro Marco Aurélio afirmou que a
decisão do ministro do STF, Alexandre de Moraes, foi “extremada” ao autorizar
as buscas, apreensões e prisões.
“É
hora de temperança, de se presumir não o excepcional, mas o corriqueiro, o
ordinário. Não podemos partir do pressuposto de que todos são salafrários [...]
No direito, há uma máxima: o meio justifica o fim, e não o fim ao meio. Ato de
constrição [medida judicial mais invasiva] não serve para saber se houve crime
ou não. Ele parte de indícios de crime, indícios veementes, que devem ser
indispensáveis à investigação”, afirmou Marco Aurélio em entrevista à revista
Veja.
“Uma
busca e apreensão na casa de um cidadão enxovalha o perfil dele. Vamos apurar
sem açodamento”, completou o ministro.
Deflagrada
na manhã da quinta-feira (8), a operação Tempus Veritatis cumpriu mandados de
busca, apreensão e prisão contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados
por suposto envolvimento nos atos de 8 de janeiro de 2023. Ao todo, foram
cumpridos 37 mandados em nove estados e no Distrito Federal.
A
ação da PF ocorreu um dia depois de Bolsonaro realizar um evento na cidade de
São Sebastião (SP), em que disse que "o atual mandatário [Lula] quer
censurar as redes sociais […] eu só estou aqui com vocês graças às redes
sociais".