Todas as dívidas precisam, um dia, ser pagas. Só há
duas alternativas: ou as dívidas são pagas ou o devedor dá calote em quem lhe
emprestou o dinheiro. Isso vale tanto para as dívidas de pessoas como dívidas
de empresas e de governos. Não há diferença: dívida é dívida. Se você pegou
dinheiro emprestado de alguém, precisa, um dia, devolver esse dinheiro – e com
juros. É evidente que, se uma dívida não para de aumentar, ela um dia
explodirá. Em algum momento no futuro ela ficará tão grande que não será mais possível
pagá-la.
Alguns “economistas”, “especialistas” e jornalistas
vão te dizer que esse raciocínio óbvio não se aplica às dívidas do governo. Vão
dizer que “todos os governos têm dívidas grandes”. Na verdade, no caso de
governos a situação é ainda pior. Como o governo nunca consegue pagar sua
dívida, ele pega novos empréstimos para pagar aquelas dívidas que estão
vencendo. Isso se chama “rolagem da dívida”.
Um
Estado que gasta mais do que arrecada, e que acumula uma dívida sempre
crescente, é um estado destinado ao desastre.
Muitos
brasileiros emprestam dinheiro ao Estado. Fazemos isso quando compramos títulos
da dívida pública. Eles podem ser uma boa opção de investimento, porque o
governo paga juros atraentes. Portanto, quando falamos de “dívida pública”
estamos falando também de dinheiro que o governo deve a milhares de brasileiros
que compraram títulos públicos e que, um dia, vão querer receber seu dinheiro
de volta – com juros.
Mas
como surge a dívida pública? A dívida pública nasce quando o Estado gasta mais
do que arrecada. Funciona assim: a fonte principal de dinheiro do Estado são os
impostos. Mas, frequentemente, o Estado gasta tanto dinheiro que a arrecadação
de impostos não é suficiente para pagar todas as contas. O Estado então tem
duas formas de conseguir recursos extras: ou ele simplesmente manda imprimir
mais notas de dinheiro (o que desvaloriza a moeda e dá origem à inflação) ou
ele pega dinheiro emprestado. Esses empréstimos que o Estado toma para cobrir o
buraco nas suas contas é que formam a chamada “dívida pública”. Um nome melhor
seria dívida do Estado.
Alguns
economistas vão te dizer que “o déficit das contas públicas é uma coisa comum”.
Outros vão até afirmar que o déficit nas contas do governo, na verdade, é uma
coisa benéfica para a sociedade porque “faz girar a economia” e “combate o
desemprego”. São afirmações ingenuamente desinformadas ou mentiras grosseiras.
O que se chama de “déficit” é um buraco nas contas que surge quando o governo
gasta mais do que arrecada.
Embora
isso possa acontecer eventualmente, em situações de crise – assim como pode
acontecer em qualquer família ou empresa – quando isso vira uma rotina trata-se
de irresponsabilidade grave na administração pública, sempre motivada por
incompetência, ideologia, populismo ou corrupção – ou tudo isso junto.
Um Estado que gasta mais do que arrecada, e que acumula uma dívida sempre crescente, é um estado destinado ao desastre. Não se sabe ao certo quando ele acontecerá – se em nosso tempo ou no tempo de nossos filhos ou netos – mas ele é inevitável. O desastre só não afetará os políticos que o promovem, e que estarão sempre seguros em suas fortalezas construídas com dinheiro, influência e impunidade.