O
Distrito Federal foi a primeira unidade da Federação a cumprir o artigo 70 do
Código de Trânsito Brasileiro (Lei nº 9.503/1997), sobre a obrigatoriedade de
os veículos darem preferência aos cidadãos nas faixas de pedestres. Ao ver uma
pessoa estender a mão na faixa, o condutor é obrigado a parar para que o
transeunte atravesse a via em segurança. Um comportamento abraçado pelo
Correio, que deu início à campanha Paz no trânsito, em 1996, e ajudou a
transformá-lo em exemplo nacional. Nesta segunda-feira, quando a norma
completou 27 anos, os órgãos de trânsito do DF festejaram a redução de 66% no
número de óbitos na faixa entre 2022 (seis mortes) e 2023 (duas vítimas). Neste
ano, nenhuma morte foi registrada. Uma realidade que não se repete pelo resto
do país.
Em
todo o DF, são mais de 4 mil faixas nas vias. Elas começaram a ser reavivadas
pelas equipes de trânsito, o que atende à recorrente cobrança da população. Há
2 milhões de veículos em circulação — quase um carro por pessoa para uma
população de 2,8 milhões, segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE).
Minas
Gerais, com uma população de 21,1 milhões de cidadãos e uma frota de 12,4
milhões de veículos, ocupa a terceira posição do ranking nacional de acidentes
de trânsito envolvendo pedestres, atrás de São Paulo e Goiás, segundo dados do
Ministério de Saúde e do Sistema Único de Saúde (SUS), coletados pela
Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet), divulgados no ano
passado. No primeiro semestre de 2023, ocorreram 2.452 internações de pedestres
vítimas de acidentes de trânsito em Minas Gerais. Em Goiás, foram 6.402
internações por atropelamento, e São Paulo, com 19 milhões de veículos,
registrou 3.072 vítimas, em igual período.
Mesmo
com trânsito menos violento, a capital da República ressente-se de um
transporte público de qualidade, uma vez que os congestionamentos no trânsito
são estressantes. A dificuldade do Distrito Federal é a mesma das demais
unidades da Federação, o que leva os brasileiros a fazer esforço para ter um
veículo, evitando o desconforto do transporte público. Se, por uma lado, essa
opção aquece a indústria automobilística; por outro, faz com que a maioria das
grandes cidades pouco ou nada contribuam para a redução da emissão de gases de
efeito estufa, que comprometem todos os esforços para conter o aquecimento
global.
Mas
não só isso. Há necessidade, em todo país, de uma fiscalização mais rigorosa
para conter os infratores, manter o respeito à velocidade máxima das vias e,
sobretudo, educar os condutores, lembrando-os da importância de respeitar os
pedestres. Agir de acordo com a legislação só quando há blitzes ou agentes de
segurança nas rodovias e vias urbanas não vale. As normas têm de ser
respeitadas em quaisquer circunstâncias, pois ignorar a sinalização de
trânsito, nas rodovias interestaduais e nas vias urbanas, significa risco de
morte para os que caminham pelas cidades. Os veículos são meios de transporte,
e não devem ser transformados em armas.