O único projeto de política econômica que o governo
Lula leva a sério, e pelo qual batalha desde que reassumiu o comando da
administração pública, é gastar; jamais pensou em outra coisa. Quando o
presidente se lembra de fazer algum discurso a esse respeito, alega que o
erário precisa gastar cada vez mais para fazer “investimentos” e ajudar “os
pobres”. Na maior parte do tempo, já nem se incomoda em explicar nada. Quem,
com um mínimo de raciocínio, pode acreditar num negócio desses?
Os pobres, em si mesmos, não estão vendo a cor desse dinheiro todo – nunca viram, na verdade. Não viram e nem vão ver, porque a política econômica do gasto público ilimitado tem como objetivo central gastar com a própria máquina pública. É lá que fica o ouro: com eles mesmos, e eles querem mais ouro a cada dia. Ninguém precisa ser economista para saber disso. O Estado brasileiro continua a gastar, e cada vez mais. Os pobres continuam pobres. Por quê?
O fato é que a realização mais visível do governo Lula, até agora, é estar cobrando os impostos mais altos que este país jamais viu.
Há, naturalmente, uma coleção completa de teorias suspostamente fundamentadas nos rigores técnicos da ciência econômica sustentando que não é assim, e que o resumo exposto acima é apenas uma “articulação da direita” para impedir a distribuição de renda, a igualdade e a redução da pobreza no Brasil. Nada disso chega a ser um raciocínio – é apenas um manifesto, e como em geral acontece com os manifestos, a intenção não é expor a realidade, e sim veicular os desejos ideológicos dos autores.
A política de gastos públicos do Brasil, no mundo dos
fatos, é uma obra prima em matéria de concentração de renda. Tira cada vez mais
de todos para entregar cada vez mais aos mesmos – os bilionários amigos e a
minoria de gatos gordos que se pendura nos galhos mais altos da máquina
estatal. Tome-se, por exemplo, o escândalo permanente nos ganhos do Judiciário.
O Brasil tem o sistema de justiça mais caro do mundo, ou um dos mais caros, e não passa pela cabeça de ninguém dizer que haja justiça no país. Mas a última ideia que tiveram a respeito foi socar mais dinheiro no bolso de juízes e procuradores: querem, agora, que eles ganhem o “quinquênio”, uma aberração pela qual seu salário aumenta automaticamente a cada cinco anos.
Nem é preciso falar do resto – do fato, digamos, de
que mais de 90% dos magistrados brasileiros ganha acima do teto salarial
imposto pela Constituição Federal. Ou dos salários de marajá que a população
paga para o alto clero do funcionalismo público, ou mesmo para o médio clero –
e para a vertigem de gastos com a criação de novos ministérios, com os cortejos
de 50 carros nos desfiles do presidente pelo estrangeiro, com a transformação
da Aeronáutica em serviço de táxi aéreo para os magnatas do governo e tantas
outras coisas do mesmo gênero.
O fato é que a realização mais visível do governo
Lula, até agora, é estar cobrando os impostos mais altos que este país jamais
viu. Eles querem ainda mais, como acabam de confirmar com a Reforma Tributária
que mandaram para a Câmara; é inevitável, se a única lógica fiscal que conhecem
é gastar sem limite consigo mesmos e, depois, arrancar o imposto para tentar
cobrir o que já gastaram. O resultado é que o Brasil tem hoje despesas e
déficit em nível recorde. Alguém é capaz de dizer por onde andam os “investimentos”
de Lula, e os “empregos” que viriam deles?