Na última semana, o ditador Nicolás Maduro afirmou em
um comício que pode haver “banho de sangue” e “guerra civil” na Venezuela caso
ele não vença as eleições no próximo dia 28. A fala, de forma óbvia, não
repercutiu bem para aqueles que de fato defendem a democracia. Por outro lado,
nada disso é novidade partindo de um tirano, apoiado por Lula e pela esquerda
brasileira.
Para quem não se lembra, em 2019, durante as
manifestações contra a ditadura de Maduro lideradas por Juan Guaidó,
viralizaram imagens que mostravam blindados da Guarda Nacional da Venezuela
atropelando manifestantes nas ruas. Além disso, o regime chavista havia
censurado e interrompido transmissões de emissoras de rádio e TV a cabo que
cobriam as manifestações. Fatos absurdos, mas que para os adeptos da democracia
relativa, golpe mesmo é portar bíblias.
Em janeiro deste ano, Maduro afastou María Corina
Machado, franca favorita para derrotá-lo, após uma decisão do Supremo Tribunal
de Justiça, alinhado à tirania venezuelana. A manipulação do chavismo a deixou
inabilitada de ocupar cargos públicos por 15 anos. Mais um avanço para afastar
opositores do caminho do déspota. Corina agora apoia a candidatura do
oposicionista Edmundo González, cotado por três institutos de pesquisa para
ganhar o pleito com ampla margem.
A estratégia da esquerda é igual em todo o mundo.
Maduro tem o poder da mídia controlada pelo Estado, utiliza fake news e
persegue quem não se curva às suas vontades
O tal “banho de sangue”, é só mais uma fala lamentável
no currículo do autocrata, que inclusive foi relativizada por Celso Amorim,
assessor especial da Presidência para assuntos internacionais. Demorou quatro
dias para Lula enfim se manifestar e se dizer “assustado” com o discurso de seu
aliado. Hipocrisia pura.
Como se não bastasse, em outro comício na última
terça-feira (23), o ditador venezuelano questionou os sistemas eleitorais do
Brasil, Estados Unidos e Colômbia, afirmando que não são auditados. A velha
mídia brasileira parece ter ficado mais indignada com isso do que com as
atitudes ditatoriais de Nicolás. E, de forma vexatória, tentaram associar a
fala do chavista ao “bolsonarismo”.
Em casos como este, constatamos mais uma vez como
lamentavelmente alguns jornalistas preferem militar em vez de informar. Ficaram
calados quando o ex-ministro da Justiça, e atual integrante do Supremo Tribunal
Federal, duvidou das urnas eletrônicas, mas não pensam duas vezes antes de
criar uma narrativa contra a temida “extrema direita”. Vale ressaltar que nem
assim a imprensa militante foi capaz de chamar Maduro do que ele realmente é:
um DITADOR, e não um presidente.
Você, leitor, lembra da fala do ministro do STF, Luís
Roberto Barroso, em 2021, que, ao criticar o regime bolivariano venezuelano,
afirmou que a Venezuela era uma “tirania de direita com discurso disfarçado”?
Pois é. Isso me lembra quando um militante progressista afirma que o socialismo
é falho porque nunca foi realmente implementado, quando na verdade ele falhou
em todos os locais onde foi executado. Quando não há mais como defender o
fracasso, jogam a culpa nos outros.
Que as eleições do próximo domingo possam ocorrer de
forma justa - apesar de já terem sido construídas de forma arbitrária - e que a
democracia seja verdadeiramente respeitada, algo que infelizmente parece
distante para os venezuelanos. Eles não precisam de uma guerra civil, mas sim
que ditadores, como Nicolás Maduro, não estejam no poder.