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E agora, Xandão?

E agora, Xandão?

E agora, Xandão?

A Folha publicou,

o assessor falou,

o apoio sumiu,

a queda chegou,

e agora, Xandão?

Li atentamente a reportagem da Folha de S. Paulo sobre a indecorosíssima troca de mensagens entre os assessores de Alexandre de Moraes no TSE. Ouvi os áudios – um mais escandaloso do que o outro. Vi os prints. Acompanhei a repercussão entre autoridades e entre nós, a ralé. E a única conclusão inequívoca a que consegui chegar até agora foi a de que a reportagem de Glenn Greenwald e Fabio Serapião foi publicada num dia com número de azar (13), num mês conhecido por ser de mau agouro. Aí tem.

Está todo mundo perdido e quem disser que não está mentindo. Digo, as mensagens e os áudios disponibilizados até o momento (creio que uma pequeníssima parte dos 6GB aos quais Glenn disse ter acesso) são extremamente graves numa democracia digna do nome, com instituições funcionando conforme determina a Constituição. Mas infelizmente o Brasil não é uma democracia digna do nome, muito menos um país onde as instituições funcionam como determina a Constituição. Longe disso.

Por isso alterno momentos de empolgação e cinismo. De otimismo e de pessimismo. De uma quase euforia cívica, quando penso que finalmente Alexandre de Moraes foi pego com a boca na botija e vai pagar por seus desmandos, como disse meu amigo Rodrigo Constantino – aliás, um dos alvos escolhidos a dedo pelo di............gníssimo ministro. E de uma profunda descrença na capacidade dos nossos semelhantes de fazer Justiça.

Livres: Era sobre isso, por sinal, que eu falava ontem, quando escrevi que em nossas consciências somos livres – e isso nem Alexandre de Moraes pode tirar de nós. Pois bem. Se em sua liberdade intrínseca o senador Rodrigo Pacheco opta pela omissão, pela conivência e pela covardia... O que havemos de fazer? O milagre está aí, na forma de 6GB de mensagens que expõem o método Xandão de fazer “justiça”. Um método bem parecido com o de Lavrenti Beria. Se vamos aproveitar esse milagre para promover o Bem, no entanto, são outros quatrocentos e vinte e cinco*.

Decepção: O que nos traz a outra questão: a democracia é capaz de se livrar do parasita que infesta as instituições – e causa sua morte? Em outras palavras, sendo mais direto e pateticamente ousado: uma vez constatado que um ministro da corte suprema abusou de seu poder e cometeu ilegalidades para perseguir opositores políticos, a democracia é capaz de identificar esse agente patológico e se livrar dele sem que haja grandes efeitos colaterais?

Tenho minhas dúvidas. Agora mesmo, enquanto escrevia este texto, vi o ministro-chefe da AGU, Jorge Messias (de onde eu conheço esse nome?), sair em defesa de Moraes. Os advogados do grupo Prerrogativas foram outros. Flávio Dino idem. E me pergunte o que disse o senador Sergio Moro. [SAI E VOLTA RAPIDINHO] É, Moro não disse nada mesmo. Só tuitou algumas platitudes, sem citar o nome de Alexandre de Moraes. Que decepção.

Assim como é decepcionante, mas não de todo inesperada, a postura do imorrível, imbrochável, incomível & principalmente incobrável ex-presidente Jair Bolsonaro. Que, até o presente momento, se limitou a observar a paisagem caótica que teoricamente lhe é benéfica, bem como a reproduzir uma manchete da concorrência e retuitar as diatribes dos filhos, um deles mais preocupado em caçar treta com o irrelevante José de Abreu.

Bipolar: Mas disse que estava bipolar em relação às consequências dessa arapuca que Glenn Greenwald armou para Alexandre de Moraes. E estou mesmo. Por isso, vou terminar o texto registrando que Marcel Van Hattem e Nikolas Ferreira fizeram pronunciamentos duros na Câmara. No Senado, Girão anunciou um super pedido de impeachment de Alexandre de Moraes. (O que esse pedido tem para ser super e diferente dos outros não sei). A própria Folha estar publicando reportagens que podem causar a queda de um dos pilares do projeto de poder petista é um alento.

Por isso hoje prefiro crer que, enquanto houver um único homem honrado neste país, ainda há esperança. Amanhã já não sei.


Paulo Polzonoff Jr. – Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF – Gazeta do Povo




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