O Marco Zero, mais novo ponto ‘instagramável’ no
roteiro turístico de Brasília, foi parada para poses de moradores e turistas
que aproveitaram o Eixão do Lazer neste domingo, o primeiro aberto a visitação
desde a conclusão das obras do Buraco do Tatu.
Para Paulo, porém, esse resgate da história foi ainda
mais especial. Nascido em Minas Gerais e morador da Asa Sul desde 1961, ele viu
a capital do país ser construída bem de perto.
Para o empresário Paulo Melo, o resgate da história de
Brasília foi ainda mais especial. Nascido em Minas Gerais e morador da Asa Sul
desde 1961, ele viu a capital do país ser construída bem de perto
“Meu pai veio para a construção de Brasília como
engenheiro em 1959. Eu sempre acompanhei muito a história de Brasília, mas eu
não sabia dessa estaca zero. Contei para o meu pai sobre isso, ele me confirmou
a história e eu fiquei chocado”, relatou o empresário que, na sequência, tirou
uma foto para mandar para o seu genitor.
Outra pessoa que visitou o local foi a funcionária
pública Maria de Fátima Ribeiro, de 70 anos. Há 49 anos em Brasília, ela passa
pelo Buraco do Tatu diariamente e jamais imaginou o que o concreto da via
escondia.
“É histórico”, afirma, extasiada ao contemplar o Marco
Zero. “Foi uma grata surpresa. Eu acho que foi uma descoberta incrível para os
brasilienses e para todo o Brasil, afinal, nós somos a capital da República. Eu
adorei! Está maravilhoso”, completa.
E de história, Elias Manoel da Silva sabe bem.
Historiador do Arquivo Público do Distrito Federal (ArPDF), ele explica que o
espaço da Estaca Zero ajudou a erguer a Esplanada dos Ministérios.
O símbolo da Estaca Zero, mais conhecido como Marco
Zero, ponto que serviu de referência para a ordenação numérica da quilometragem
da área central da cidade, está fixado entre as pistas do Buraco do Tatu, um
das vias mais movimentadas de Brasília, onde cerca de 150 mil motoristas passam
diariamente.
Curiosidades como essa sequer passavam pela cabeça do
casal André Amaral Almeida, de 50 anos, e Luciane de Almeida, 49 anos. Ele,
nascido em Brasília e ela, quase uma brasiliense, acreditam que o passado da
capital segue vivo até hoje.
“Trouxeram o passado para o presente”, diz Luciane,
que é corretora de imóveis. O marido complementa: “É bom para valorizar a
história da cidade. Eu sou fã de Brasília e de todo o plano de construção da
capital. Ninguém acreditava no sonho de Juscelino e que todo o projeto de Lúcio
Costa sairia do papel, mas hoje a gente vê que tudo deu muito certo. Eles deram
conta e hoje vivemos história”, ressalta o administrador.
Por trás do Marco Zero: O Marco Zero foi descoberto
durante a reforma no Buraco do Tatu, que liga os eixos Sul e Norte da capital.
A surpresa, porém, foi só para os funcionários que realizavam as obras no local
e para boa parte dos brasilienses.
O ponto central entre o cruzamento dos eixos
rodoviário e monumental foi fincado pelo engenheiro e topógrafo Joffre Mozart
Parada, então chefe da equipe de topografia da Companhia Urbanizadora da Nova
Capital (Novacap), em 20 de abril de 1957.
“A cidade foi construída, na sua urbanidade, por
Joffre Mozart Parada. Ele é um anônimo na história de Brasília. No papel, o
mérito é de Lucio Costa, mas no chão, foi Joffre Mozart Parada que começou o
projeto. Com a redescoberta do Marco Zero, a gente pretende honrá-lo e
eternizá-lo, de forma concreta, na história do DF”, afirma Elias.
Buraco do Tatu: As obras de restauração do pavimento
asfáltico em concreto do Buraco do Tatu – passagem de 700 metros que liga os
eixos rodoviários Norte e Sul, no Plano Piloto – foram iniciadas em 1º de julho
e concluídas na quarta-feira (31). O trânsito foi liberado na quinta-feira
(1º), beneficiando, assim, os 150 mil motoristas, que passam todos os dias pelo
local.
O pavimento original da passagem, da época da
construção de Brasília, estava degradado após 60 anos de uso e sua vida útil
estava ultrapassada. Foram investidos cerca de R$ 2 milhões nas obras de
recuperação do pavimento.
As placas de concreto danificadas foram trocadas por novas e o material antigo das juntas de dilatação – que unem essas placas – foi substituído por um selante com durabilidade prevista de dez anos. Os serviços incluíram a lavagem das paredes azulejadas e do teto do Buraco, além de limpeza e desobstrução de todas as caixas de drenagem da passagem. (Galeria de Fotos https://flic.kr/s/aHBqjBCkMS )