A Folha de S.Paulo deu mais um capítulo dos 6
gigabytes de conversas, de mensagens que, segundo o jornalista americano Glenn
Greenwald, saíram do gabinete do ministro Alexandre de Moraes.
Estamos vendo qual é o modus operandi do STF e do TSE
em um caso envolvendo o ex-deputado estadual do Paraná Homero Marchese.
Disseram que ele teria publicado o nome do hotel em que estavam os ministros
participantes daquele evento da Lide, do João Doria, em Nova York, que ele
teria dado dicas para as pessoas se reunirem na frente do hotel e criticarem,
vaiarem os ministros. Não foi nada disso, mas agiram daquela forma que já
conhecemos, “vamos pegar, vamos ver o que tem para pegá-lo”, e aí congelaram os
perfis de Marchese.
A respeito de vaia, o próprio ministro Alexandre de
Moraes disse uma vez: quem não quiser ser criticado, satirizado, que não se
ofereça ao serviço público. E a vaia é também um sinal de importância da
pessoa. Certa vez eu estava em Tóquio e uma multidão vaiava uma pessoa que
estava hospedada no mesmo hotel onde eu estava, o New Otani. Perguntei quem
era, e me disseram que era um ministro famoso das Filipinas. Ninguém vaia um
ilustre desconhecido. Essa é uma maneira de mostrar que a pessoa é importante, e
faz parte do ônus de ser servidor público. A população tem direito de criticar,
de reprovar a atuação de seus funcionários. Não pode caluniar – é crime, assim
como injuriar e difamar –, mas vaiar sim, é uma expressão de desaprovação.
PF acha que ex-assessor do TSE passou mensagens para
Greenwald: A Polícia Federal está investigando, desconfiando daquele
funcionário que era perito criminal, o Eduardo Tagliaferro, que depôs nesta
quarta-feira. Ele disse que não repassou as mensagens. Mas, caso tenha sido,
não foi hackeamento, nem prova obtida de maneira ilegal, mas uma cessão de
registros de serviços públicos. O artigo 37 da Constituição diz que o serviço
público é caracterizado pela publicidade, isto é, transparência; o povo tem o
direito de saber o que se conversa dentro do serviço público, a não ser que
seja algo de segurança nacional, que exija segredo extremo.
Argentina de Milei enfileira um superávit atrás do
outro : Agosto terminando, e temos o oitavo mês de superávit comercial da
Argentina no governo de Javier Milei. Estudiosos, aqui no Brasil, ainda ontem
me falavam sobre como é rápida a reação da economia de um país, do mercado, de
tudo. Não é preciso esperar anos, é muito rápido. Mudou o governo, muda a
economia para cima ou para baixo, ou para tudo, se reinar o pessimismo. Já
disse aqui várias vezes que o otimismo e o entusiasmo é que fizeram o milagre
econômico brasileiro, com o Brasil crescendo 14% ao ano, e o contrário é
verdadeiro também. Basta uma posição de governo que logo surgem os resultados,
como estamos vendo na Argentina, que é uma espécie de modelo para nós.
Queimadas na Amazônia dobraram em relação ao ano
passado: Volto a falar do meio ambiente, porque temos o dobro de queimadas
na Amazônia em relação aos oito primeiros meses do ano passado. Inclusive há
quem diga que está queimando até a floresta em pé, o que os entendidos da
Amazônia dizem ser impossível, porque seria preciso derrubar primeiro e esperar
seis meses para secar, do contrário não pega fogo. No Pantanal é certo que está
queimando, por causa do que chamam de “franja”, que a Amazônia não tem e o
Pantanal tem. É o capim que cresce, o gado não come e facilita que o fogo se
espalhe. Lá as queimadas estão seis vezes maiores. No Parque Nacional da Serra
do Cipó acontece a mesma coisa.
Setembro é mês tradicional de enchente no Rio Grande
do Sul, mas não fizeram nada nos rios assoreados: No Rio Grande do Sul eu
faço um alerta sobre rios que eu conheço bem: o Jacuí, da minha infância, onde
eu nadei tantas vezes, onde eu aprendi a atravessar, e o Taquari estão
absolutamente assoreados; as pessoas passam na vau, caminhando. No Guaíba é a
mesma coisa, está cheio de ilhas. Então, por que não começou ainda uma dragagem
a todo vapor? Vêm aí as “chuvas de São Miguel”, e a enchente de São Miguel é algo
tradicional, previsível no Rio Grande do Sul.