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Olimpíadas: retrato do Brasil nos esportes

Olimpíadas: retrato do Brasil nos esportes

Depois de uma semana de competições nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 e contando com uma delegação de 274 atletas, o Brasil contabiliza quatro medalhas no total, sendo uma de prata e três de bronze. É pouco para um país como o nosso. Talvez, até muito se consideradas as agruras a que estão submetidos os atletas e o pouco caso com que os esportes amadores são tratados. Isso tudo sem falar das seguidas confusões administrativas apresentadas pelo comitê nacional que trata dessas modalidades de esportes.

Os resultados do Brasil, até agora, nos Jogos Olímpicos de Paris-2024 podem ser equiparados aos certames internacionais em que são aferidas as qualidades do ensino em nosso país vis-à-vis outros países. Estamos sempre na rabeira do mundo. Esporte e educação nas escolas, sobretudo naquelas de responsabilidade do poder público, oscilam nos níveis entre o medíocre e o mediano, sendo a média aferida com base no que temos de acordo com nossa realidade, que é de desolação completa.

Não há um incentivo aos esportes, como não há também incentivos às artes. Por isso, nossas escolas não se tornam uma porta aberta para o surgimento de esportistas ou de artistas, iniciativa mais barata de retirar pessoas vulneráveis do crime. Ao contrário de outros países em que os governos investem pesado nesses dois caminhos, no Brasil esse ainda é um sonho distante.

Educação deve ser sempre integral — ou seja, abranger o oferecimento de um universo de disciplinas capaz de favorecer também uma formação integral. Se a universalização do ensino é uma meta a ser cumprida, também a oferta de um ensino integral é necessária. Quanto mais esporte for oferecido nas escolas, mais e mais teremos atletas com performances que atinjam o nível nacional e internacional do esporte.

Da mesma forma, quanto mais disciplinas de artes ofertadas no ensino público, mais e mais artistas surgirão para decifrar e chamar a atenção para a nossa realidade. O pobre quadro de medalhas conquistado pelo Brasil em mais essa Olimpíadas deixa patente nosso pouco empenho na formação de novos atletas e atesta a falência dos esportes como disciplina séria em nossas escolas.

Quem anda pelas cidades deste país verifica que as poucas quadras de esporte existentes encontram-se, na sua grande maioria, destruídas ou mal cuidadas. A educação pelo esporte e pelas artes, que seria uma solução factível para atender às classes menos favorecidas, não é posta em prática por desleixo e puro desinteresse de seguidos governos.

A educação só é levada a sério quando se trata de recorrer a essa pasta para salvar as finanças públicas, como o que ocorre neste momento, em que o governo, por conta de um ajuste fiscal emergencial, cortou R$ 1,3 bilhão do Ministério da Educação. Também o Ministério do Esporte sofreu um congelamento de mais de R$ 135 milhões, em cima de uma verba total de pouco mais de R$ 2 bilhões. Nem mesmo a Lei de Incentivo ao Esporte, existente desde 2007, consegue desenvolver, na prática, a formação de atletas promissores para representar o Brasil nos torneios internacionais.

De nada adiantam as estatísticas superlativas apresentadas pelo governo quando o que se verifica, na prática e na vida real, como é o caso agora nas Olimpíadas, que o nosso país vai mal no quadro de medalhas. Também o Bolsa Atleta, criado em 2005, que deveria dar maior impulso aos esportes no país, paga, em torno de R$ 400 mensais a maioria dos atletas, sendo que aqueles que têm nível mais alto de desempenho chegam a receber R$ 16 mil, mas, para isso, têm de estar entre os 20 melhores do planeta em sua modalidade, o que é uma enorme barreira para a maioria.

É certo que os países que se destacam no quadro de medalhas geralmente têm um investimento muito mais elevado do que o nosso, desde a base até o alto rendimento. Qualquer investimento que o Brasil faça sem o objetivo final de performances perfeitas em competições ainda estará muito aquém de países como os Estados Unidos, China e outros.

A frase que foi pronunciada: “Eu me preocupo mais em ser uma pessoa boa do que ser o melhor jogador do mundo.” (Messi)

Circe Cunha e Mamfil – Coluna “Visto, lido e ouvido” – Ari Cunha – Fotos: Naomi Baker/Getty Images - Divulgação/ Selección Argentina – Correio Braziliense




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