O cidadão brasileiro pode confiar numa coisa, com os
olhos fechados, sempre que aparece algum problema sério neste país: Lula e seu
governo vão propor a pior solução entre todas as que estão disponíveis. Não é
tanto por terem dificuldade de encontrar a solução certa. É que não sabem o que
é uma solução – e às vezes não sabem nem mesmo qual é o problema.
Estão metendo o pé na jaca, mais uma vez, com as suas
providências para enfrentar a onda de incêndios que se espalha pela Amazônia e
outros pontos do território nacional. Na verdade, e como sempre, não tomam
providência nenhuma – o que, por si só, garante que não vão resolver nada. A
única medida em seu repertório é armar mais um discurso idiota do presidente da
República. Todo mundo em volta dele bate palma e dá-se o caso por solucionado.
Desde que Lula, em pessoa, mostrou que está na “linha
de frente” da Resistência Climática, as autoridades brasileiras mandaram 65
bombeiros combater o fogo – mas na Bolívia
A ideia mestra, desta vez, foi fazer uma nomeação. Não
conseguiram, claro, apresentar um único pensamento coerente para lidar com a
crise – em vez disso, Lula anunciou uma “Autoridade Climática” para cuidar dos
incêndios. Que diabo poderia ser um bicho desses? Pelas experiências passadas,
deve ser mais um gato gordo com gabinete, equipe, carro blindado, segurança,
jato da FAB, verba etc. etc. etc. Não vai apagar uma fogueira de São João. Mas
já está escalado para entrar nos próximos discursos de Lula como uma das
grandes realizações do seu governo. “Nunca antes na história deste país”, ele
pode dizer agora, “um presidente da República teve a coragem de nomear uma
‘Autoridade Climática’”.
É a Opção Preferencial pela farsa. Quem nomeia
“Autoridade” é o poder público nos Estados Unidos – New York Port Authority,
Tennessee Valley Authority, authority disso, authority daquilo. Os
estrategistas centrais da propaganda de Lula acharam bonito copiar isso, e eis
aí o Brasil com uma “authority” para chamar de sua. É uma palhaçada – equivale
a botar a camisa do Real Madrid no Jabaquara e achar que está jogando futebol
de time grande. Incêndio, que é bom, ninguém apaga. Desde que Lula, em pessoa,
mostrou que está na “linha de frente” da Resistência Climática, as autoridades
brasileiras mandaram 65 bombeiros combater o fogo – mas na Bolívia.
O que talvez possa ser considerado, com muito esforço,
como um lado menos ruim de mais esse mico, é que ninguém no governo, graças a
Deus, pensou em colocar a ministra Marina Silva como a tal “Autoridade”. Numa
das mais notáveis curiosidades do governo Lula 3.0, a ministra do Meio Ambiente
não pode ser indicada para trabalhar com nenhum problema ligado ao Meio
Ambiente.
A razão mais direta para isso é que Marina
simplesmente não tem a mais remota condição material de lidar com qualquer
questão administrativa. De todo modo, ela está preocupada com “nanomísseis” na
atmosfera, a conjunção “cósmica”, a “centralidade” do ser e do não-ser, e por
aí afora. Sua função, hoje, é servir como bicho de estimação para bilionários
com angústias ambientais.
Lula já tinha nomeado uma “Autoridade” para cuidar das
enchentes no Rio Grande do Sul. Sua única atividade conhecida, até agora, é
ficar brigando com o governador do estado e disputar com ele para ver quem
aparece mais nas entrevistas de rádio e tevê. Lula, pelo jeito, gostou da
fórmula.