Um dos pilares mais importantes a sustentar e dar
impulso ao livre empreendedorismo, ao contrário do que muitos imaginam, não
está na economia, propriamente dita, mas na política. É na política e, mais
precisamente, nas liberdades plenas de expressão e de manifestação que estão
contidas as condições necessárias para o deslanche das atividades empresariais.
Pontuado aqui sobre aquelas atividades empresariais que não usam o governo como
muletas para seus negócios, ou a ele se associam para burlar princípios básicos
da ética pública.
O que temos visto, lido e ouvido, nesses últimos anos,
é uma sucessão enorme de escândalos envolvendo empreiteiras, frigoríficos, e
outras empresas nas negociatas do governo, sempre com prejuízos para os
pagadores de impostos e lucros fabulosos para os envolvidos nessas operações
escusas. A certeza da impunidade serve ainda para impulsionar essas atividades
fora da lei, mostrando, aos maus empresários e todos aqueles que caem nessa
cantilena das sereias, que esse é o caminho mais fácil para o sucesso. Obviamente,
para a grande parcela dos empresários, que quer distância dessas facilidades
promíscuas, a vida, aqui no Brasil, está repleta de desafios de toda a ordem, a
começar pelo grande volume de encargos, que acabam roubando parte do lucro
suado. O nome de uma empresa é seu grande capital. A questão aqui é que é
preciso refletir muito quando se observa, que por suas características
políticas próprias, perseguem ainda a ideia anacrônica de que o Estado, no caso
o governo, é o principal indutor da economia e que o estatismo é a solução para
a economia do país. O estatismo resolve os problemas dos políticos e não da
política nacional de desenvolvimento.
Dias atrás, um frentista, desses que sentem cada
instante o cheiro de gasolina e álcool, ensinou, a um freguês engravatado e
cheio de certezas, que o preço alto dos combustíveis não está necessariamente
em nenhum arranjo de mercado ou algo parecido, mas reside no simples fato de
que a empresa que produz esse produto não passa de um enorme cabide de
empregos. Políticos e apaniguados que nada entendem do setor de petróleo.
Difícil contestar.
A situação do livre empreendedorismo no Brasil pode
escalar para um patamar ainda mais complicado, quanto mais se estreitarem as
relações do Brasil com as economias representadas nos BRICS, principalmente
quando a China passar a dar as cartas abertamente dentro desse clube. Deixar de
lado os Estados Unidos, onde as leis estão acima de todos, e as empresas não
estão submetidas as vontades de governo, para se juntar a países onde os
líderes políticos pairam sobre todos, inclusive acima das leis, será ruim para
nossas empresas.
Na China e na Rússia, assim como em todas as
ditaduras, as empresas estão submetidas às diretrizes de governo e agem em
acordo com essas diretrizes, dentro e fora do país. A notícia de que os BRICS
estão prestes a lançar uma moeda própria, cujo objetivo vai além da economia,
visando, sobretudo, desafiar politicamente o dólar americano e, com isso,
resolver os problemas de bloqueio enfrentado pela Rússia, favorecendo ainda a
China em sua ânsia de cominar os EUA, é ruim para nosso país. Entramos nessa
disputa, matizada com as cores do comunismo, acreditando que sairemos
fortalecidos economicamente, mesmo à custa de destruir as empresas nacionais.
Mais do que um bloco econômico, o BRICS é um bloco político que visa destruir a
maior economia livre do planeta, que são os EUA, substituindo o livre
empreendedorismo regidos por leis justas, por empresas estatais, eivadas de
corrupção, controladas por agentes do governo em nome de um partido único.
A ideia da nova moeda, chamada provisoriamente de
moeda digital emitida pelo banco central (CBDC), será debatida agora durante a
cúpula do bloco que será realizada na China. É preciso lembrar que moedas
trazem consigo a assinatura e o seguro de políticas fiscais e monetárias, além,
é claro, de desafios gigantescos de ordem cultural e geopolítica. O governo
brasileiro insiste em desconhecer que geografia é destino, ao pretender amarrar
os destinos do Brasil a nações do lado do planeta e que nada possuem em comum
com o nosso país. Basta responder com sinceridade as perguntas feitas pelo
nosso presidente Lula sobre a rota da seda.