O novo presidente que Lula nomeou para o Banco Central
oferece duas notícias para o público pagante, ambas ruins. Gabriel Galípolo, o
nome que Lula quis, ou teve de querer, foi aprovado para o cargo pela
“sabatina” supostamente “republicana” feita no Senado Federal. Claro que foi:
até o cavalo “Caramelo” seria aprovado para presidência do Banco Central neste
Senado que está aí, com seus Pachecos e sub-Pachecos. Se o advogado pessoal de
Lula, Cristiano Zanin, foi aceito pelos senadores para uma vaga do STF, porque
haveriam de recusar Galípolo no BC? Mas o problema não está nas respostas que
ele deu na sabatina, e sim no que existe a sua cabeça.
A primeira notícia ruim é que o novo presidente do
Banco Central nos informou, como se estivesse dando um grande presente à
população, que Lula prometeu a ele que não vai ficar se metendo nas decisões do
BC. É assim que Galípolo entende as coisas: acha que a autonomia do BC é um ato
da generosidade pessoal de Lula, e não uma determinação obrigatória da lei
brasileira. A segunda notícia, ainda pior, é que banco, sob a sua direção, vai
atender aos “interesses do Brasil”.
Desde que Lula assumiu a presidência 20 meses atrás,
tem sido o trabalho independente do presidente do BC, nomeado no governo
anterior, que segurou o valor do real – em oposição à demagogia irresponsável
de Lula
É mesmo? Se for, corram para os abrigos. O Banco
Central, por força do que diz a lei, não tem como função atender os “interesses
do Brasil”, e sim garantir a estabilidade da moeda nacional – através dos
instrumentos legais à sua disposição, o mais comum dos quais é a taxa de juros.
Tem outras funções, é claro, entre elas a fiscalização do sistema bancário, mas
a sua finalidade essencial é impedir o governo de destruir o patrimônio dos
cidadãos imprimindo dinheiro e provocando inflação. Não é uma repartição do
governo federal, como querem Lula e a extrema esquerda. É justamente o
contrário – uma defesa da sociedade contra o governo.
É por isso, e só por isso, que o Brasil não está com a
inflação nas alturas da Argentina, Venezuela e os demais modelos econômicos do
PT. Desde que Lula assumiu a presidência 20 meses atrás, tem sido o trabalho
independente do presidente do BC, nomeado no governo anterior, que segurou o
valor do real – em oposição à demagogia irresponsável de Lula. Sabe-se
perfeitamente do que ele está falando: de jogar o Brasil na baderna da despesa
pública sem limite, dentro da tramoia de que “gasto é vida”.
O BC não pode atender os “interesses do Brasil”, pois
os interesses de que Galípolo fala são os interesses do governo. Caso ele faça
na sua nova função o que sempre pregou como “economista de esquerda”, a coisa
vai mal. Ele repete há anos que o Banco Central é um instrumento das elites
para explorar a população, concentrar renda e ajudar os ricos. Acha que as leis
perdem a sua legitimidade pelo fato de serem aprovadas por um Congresso de
direita.
É mais um que está convencido de que crescimento,
criação de riqueza e ascensão social são produzidos pelo “Estado”, através dos
gastos públicos, da “expansão da base monetária”, do consumo e do juro baixo.
Como todos os que pensam dessa maneira, vive o conforto de saber que nunca terá
de pagar no próprio couro as consequências das decisões que toma.