Lula vive o pior momento de seu
terceiro mandato. E isso se evidencia justapondo os levantamentos dos mais
variados institutos de pesquisa e as avaliações que fazem do presidente. A
última, da Genial/Quaest, indica que o petista está derretendo. Pela primeira
vez desde que tomou posse, sua reprovação supera a aprovação. 49% dos
entrevistados tem uma visão negativa de seu governo.
Os números são particularmente ruins
para o presidente no Nordeste. A região, que é historicamente um reduto
eleitoral do lulopetismo, registrou uma expressiva queda de 8 pontos no seu
indicador positivo. E isso, até mais que seu desempenho no Sul e no Sudeste
(onde já tem grande rejeição) denota que boa parte do desgaste está atrelada ao
processo inflacionário nos alimentos, que é percebido principalmente pelos mais
pobres.
O governo entrou em 2025 sob uma pesada
desconfiança do mercado, que o vê como leniente com as metas fiscais e o
controle da dívida pública. A incapacidade de agir consistentemente pelo lado
da despesa fez deteriorar as expectativas, jogando o dólar e os juros futuros
para cima. Essa percepção negativa dos agentes econômicos, apontada desde
sempre pelo Banco Central, nunca foi coisa de rentista ou especulador, mas um
problema estrutural que está na raiz da alta da inflação.
O governo entrou em 2025 sob uma pesada
desconfiança do mercado, que o vê como leniente com as metas fiscais e o
controle da dívida pública
Só mais recentemente o governo admitiu
o problema, mas não sem a miopia ideológica que o caracteriza. E não sem os erros
elementares de estratégia, articulação e comunicação que lhe causaram prejuízos
políticos em situações anteriores, como no malfadado caso do PIX.
Após Lula cobrar seus auxiliares para
que buscassem soluções para a inflação de alimentos, o ministro Rui Costa, da
Casa Civil, anunciou que o governo ia realizar “um conjunto de intervenções que
sinalizem para o barateamento dos alimentos”. Além da polêmica resultante, pelo
temor de um tabelamento pela força da canetada, a única medida de fato
anunciada, depois dos devidos desmentidos de que não imporia controle de
preços, foi a tímida redução do imposto de importação sobre produtos que
eventualmente estejam mais caros no Brasil do que no exterior. Uma ação que,
todos sabem, não terá qualquer efeito significativo.
Complementarmente a isso, Costa também
sugeriu que os brasileiros trocassem a laranja cara por outra fruta qualquer. O
que pode acontecer, na medida em que persistir a comédia de erros do
lulopetismo, é o eleitor, cansado de substituir os alimentos, acabar trocando
de governo em 2026.