É difícil atualmente que passe um dia
inteiro sem a exibição, com fogos de artifício e banda de música, de mais uma
prova maciça de como a gritaria do mundo oficial contra as fake news é a maior
fake news de todas. Na verdade, o que os exércitos de “enfrentamento” à
falsidade fazem na vida real é absolutamente o contrário do que dizem, querem e
praticam o tempo todo. Apresentam-se como os vigilantes da sociedade contra as
mentiras e a desinformação, mas são os que mais mentem e mais desinformam.
Mais hipócrita e mal-intencionada,
ainda, é a ficção de que a imprensa considerada “profissional” e “séria” é o
lugar onde o público recebe as “informações verdadeiras”, enquanto as redes
sociais são “usadas” para difundir as “informações falsas”, e mais tudo o que
possa existir de sórdido debaixo do Sol. O que está acontecendo no mundo das
realidades é exatamente o oposto: a imprensa, com raras exceções, é a grande
usina mundial para a produção de fake news, e as redes sociais são o único meio
que o público tem para se defender delas. Ou seja: a mídia mente, e as redes
corrigem.
A imprensa 'profissional' e 'séria' foi
quem colocou essa mentira do suposto gesto nazista de Musk em circulação, com a
agravante safada de fingir que estava apenas mostrando um “gesto polêmico”. As
redes sociais é que desmentiram a falsificação na hora
É precisamente isso que acaba de
acontecer com a primeira fake news gigante do ano: a notícia e a foto, até a
foto, segundo as quais Elon Musk fez uma saudação nazista nas festividades da
posse do presidente Donald Trump. É mentira com teores de 100% de mentira. O
que Musk fez foi dizer my heart goes to you, colocando a mão direta o seu
coração e abrindo o braço para oferecê-lo ao público – uma tradição americana
mais velha do que andar para frente.
A imprensa “profissional” e “séria” foi
quem colocou essa mentira do suposto gesto nazista de Musk em circulação, com a
agravante safada de fingir que estava apenas mostrando um “gesto polêmico”. As
redes sociais é que desmentiram a falsificação na hora – nos próprios Estados
Unidos, no Brasil e pelo mundo afora, comprovando com as próprias palavras
ditas por Musk na ocasião (e ocultadas pela mídia) que não tinha havido gesto
nazista nenhum. A moral dessa história, e de tantas outras, é que você precisa
das redes, hoje, para se defender das mentiras que os maus jornalistas lhe
contam.
Fica óbvio, mais uma vez, porque o
regime Lula-STF é o maior defensor da censura política nas redes sociais –
embuste de ditadura a que chamam de “regulamentação das plataformas de
comunicação digital”. Esse consórcio é o maior produtor líquido de mentiras que
existe hoje no Brasil. Não se contenta, em tais condições, apenas em censurar
as postagens que não quer ver nas redes. Também precisa, como demonstra esse
episódio de Musk, impedir que elas sejam empregadas para expor as suas mentiras
e restabelecer a verdade.
É inevitável, num momento desses, que
apareça o ministro Barroso para mais uma exibição pública sobre como usar os
seus equipamentos destinados a transformar vinho em água. Fez isso, é claro,
num palco iluminado do primeiríssimo mundo, em mais um desses eventos
patrocinados por bilionários com causas em apreciação no STF – foram para a
Suíça, agora. Lá, o presidente do Supremo nos deu uma aula magna sobre a
impostura que é a “regulamentação” das redes, tal como demonstrado acima.
Barroso não ligou uma coisa com a
outra, mas justamente nessa hora tão ruim para a imprensa que ele e o regime
tanto admiram, veio falar de como acha formidável para todos nós a mídia de
“qualidade”, essa mesma que deu a fake news do Musk nazista. Na sua cabeça,
nunca o Brasil precisou tanto dela quanto agora. Trocou de programa, aí. Quem
nunca precisou tanto da imprensa “tradicional” é o consórcio Lula-STF, isso
sim. Precisa para receber elogio, espalhar as suas mentiras e impedir que se
diga a verdade.
O Brasil precisa, segundo Barroso, da
“imprensa que confere fatos e separa fato de opinião, a imprensa que tem um
papel importante, que é criar um conjunto de fatos comuns sobre os quais as
pessoas formam a sua opinião”. Em que mundo ele vive? Em que momento a imprensa
checou alguma coisa no gesto "nazista" de Musk, ou de qualquer coisa
que Lula diga, ou no big bang permanente de mentiras que move o presente
governo? A única coisa certa que disse, sem querer, foi que a sua imprensa
“cria fatos”.
Nunca subestime a capacidade de um
ministro do STF para lhe dizer que o triângulo tem quatro lados e que o ângulo
reto ferve a 90 graus. Barroso deplorou o mundo em que vivemos hoje – e onde
“se formaram tribos polarizadas e cada um acha que pode criar a própria
narrativa”. Aí já nem é mais a repetição automática de mentiras que compõe a
alma de suas exposições sobre o funcionamento do universo. É estupidez mesmo.
Não existe nenhuma tribo tão “polarizada” no mundo como o STF, e ninguém tão
fixado em suas “narrativas”, salvo Lula – mas aí já estamos falando da mesma
coisa.