O Brasil nunca viveu um momento de
degradação moral em sua vida política comparável ao que está vivendo hoje. É
simples. O regime Lula-STF, a mídia em peso, a esquerda, e as polícias
culturais “antifascismo” exigem que você acredite na seguinte proposição sobre
a anistia, servida em dois momentos diversos. No primeiro deles, assassinos,
ladrões, sequestradores, assaltantes de banco, terroristas e gente condenada
por crimes hediondos mereceram não apenas receber anistia ao fim da ditadura
militar, mas fazem jus a prêmios em dinheiro até hoje (dinheiro do Erário, é
claro). No segundo momento, presos por participarem na baderna do dia 8 de
janeiro, na qual não ser registrou a aplicação de um único band-aid, não podem
receber anistia nunca; seria um crime de lesa-democracia.
A guerra que clama “Sem Anistia” é hoje
a maior causa política da esquerda brasileira. Seus condutores alegam que os
invasores dos edifícios do Congresso e do STF queriam depor o governo e impor
uma ditadura militar ao Brasil – uma das mentiras mais estúpidas da história
brasileira, a começar pelo fato de que esse “golpe armado” jamais contou com
uma única arma e foi reprimido desde o primeiro minuto pelos militares.
“Os réus da baderna foram castigados
com mais de dezessete anos de cadeia por quebrar umas vidraças – mas isso é
pelo mal, e não poderia receber o mesmo tratamento de um mero homicídio, por
exemplo”
Na religião oficial do momento, apoiada
pela esquerda em geral, não se pode jamais dar anistia a essa gente, pois o
quebra-quebra pretendia dar um golpe de Estado – e isso é um pecado mortal que
iria matar a democracia no país. A mesmíssima religião sustenta que os
homicidas, assaltantes e detonadores de bomba estavam “numa luta armada” para
derrubar a ditadura militar de 1964 e criar no Brasil uma linda democracia tipo
sueco-suíço.
Por isso, tiveram direito a serem
anistiados. Eles estavam sequestrando matando, e roubando, mas era tudo pelo
bem. Já os réus da baderna foram castigados com mais de dezessete anos de
cadeia por quebrar umas vidraças – mas isso é pelo mal, e não poderia receber o
mesmo tratamento de um mero homicídio, por exemplo.
Quando alguém aceita o papel de ir
atrás de qualquer disparate para fingir que está pensando de maneira política,
não se torna uma parte do debate. Torna-se apenas uma voz a mais no pelotão de
linchamento. É o que fazem no momento os comunicadores, a esquerda e o coletivo
intelectuais-artistas-coisas parecidas que clamam contra a anistia dos presos
do 8 de janeiro.
Uma multidão foi à praia de Copacabana
no domingo (16) para se manifestar em favor da anistia. Mas a prioridade número
1 do noticiário no fim de semana foi não dar notícia nenhuma a respeito – na
estimativa profissional dos jornalistas, o desentendimento entre Thamyssa e
Selene, no BBB, ou o que estaria havendo entre Yuri Yago e Luan Cauã, é muito
mais importante para os leitores. É a velha história: a burrice nunca vem muito
atrás da infâmia.