A Justiça do Brasil sempre foi marcada
pela sua morosidade ímpar, pelo “garantismo” que sempre permitiu aos bandidos
todo tipo de recurso que, na prática, adiava ad eternum uma condenação. Nada
disso existe quando se trata do julgamento de bolsonaristas e do próprio
Bolsonaro. Aí vemos uma celeridade jamais vista, uma pressa mesmo, sem falar do
casuísmo das decisões sob medida para impedir o devido processo legal aos réus.
O STF chegou a estender o alcance do
foro especial só para dar um verniz de legalidade ao julgamento do
ex-presidente Jair Bolsonaro pela Primeira Turma, já que não há competência
para julgar quem não possui mais o foro privilegiado. É puro casuísmo, claro,
mas nada mais choca, já que há muito sabemos que não estamos mais no campo do
Direito.
“Virou várzea total, estilo Venezuela,
Nicarágua ou Romênia, onde opositores dos comunistas foram simplesmente vetados
das urnas. Pode variar o pretexto, ainda que “ameaça à democracia” seja a
desculpa esfarrapada preferida para impedir que o próprio povo possa escolher
seu representante”
A velha imprensa observa a todo esse
absurdo ou em silêncio ou aplaudindo, já que embarcou na narrativa furada da
trama golpista. Foi um caso único na história de um presidente que abriu mão do
poder, entregou o comando da Forças Armadas para seu adversário e foi para o
exterior aguardar o golpe armado sem armas. Tudo é realmente patético, mas
nosso “jornalismo” não liga a mínima!
Para acelerar o julgamento político e
impedir algum pedido de vistas, além de votos contrários dos ministros
escolhidos por Bolsonaro, Alexandre de Moraes vai manter tudo com seus colegas
da Primeira Turma, que incluem o advogado lulista e o ministro lulista, o
comunista que comparou o ex-presidente ao demônio. Mas será tudo técnico e
imparcial, garante Barroso, aquele que se vangloriou de ter derrotado o
bolsonarismo perante comunistas da UNE.
Virou várzea total, estilo Venezuela,
Nicarágua ou Romênia, onde opositores dos comunistas foram simplesmente vetados
das urnas. Pode variar o pretexto, ainda que “ameaça à democracia” seja a
desculpa esfarrapada preferida para impedir que o próprio povo possa escolher
seu representante. A inelegibilidade de Bolsonaro por si só já é absurda, mas
quem se importa?
Resta ao ex-presidente colocar
apoiadores nas ruas para assustar um pouco o sistema golpista, além de contar
com a articulação de seu filho Eduardo para trazer a cavalaria americana o
quanto antes e pressionar os tucanopetistas supremos. Se isso será suficiente
para salvar nossa democracia, ninguém sabe. O que se sabe é que aqueles que
realmente deram um golpe na nossa democracia, com a cumplicidade da velha
imprensa, dobram a aposta a cada dia.
O risco de prisão de Bolsonaro,
portanto, é enorme e evidente. Se ao menos ele fosse um corrupto como Sergio
Cabral ou tantos outros protegidos pelo “garantismo” supremo, ele estaria a
salvo...