O ex-presidente
Jair Bolsonaro, além de ameaçado de prisão perpétua, está proibido de disputar
eleições até o ano de 2030. Não foi condenado por nenhum crime para receber
essa punição. Também não foi uma decisão da Justiça brasileira, a quem todo o
brasileiro tem o dever de respeitar. Bolsonaro foi declarado “inelegível” por
uma repartição pública, e pela decisão de funcionários que jamais prestaram um
concurso para juiz de direito, e muito menos receberam um único voto na vida. O
carrasco foi o TSE, a polícia eleitoral de Alexandre de Moraes. Decidiu que o
ex-presidente tinha cometido “abuso do poder político” ao falar num comício
gigante de 7 de setembro em Brasília, na campanha eleitoral de 2022. Usou o
cargo para fazer campanha, decidiu o TSE. Fim de caso.
O presidente Lula,
candidato já declarado à reeleição em 2026, embora finja que “ainda não decidiu”,
acaba de fazer coisa muito pior que o comício de Bolsonaro: está prometendo
emprestar dinheiro a “juro menor” num programa oficial de governo. É compra de
voto praticamente explícita. Uma manifestação pública em data nacional é coisa
que pode ser discutida, e que todo chefe de governo tem direito de fazer num
ano de campanha.
É dinheiro público,
direto na veia, e dinheiro público não é “do governo” e sim do próprio cidadão.
Resumo da ópera: quem pegar “o empréstimo do Lula” vai pegar empréstimo de si
mesmo
Mas desviar recursos
do Tesouro Nacional para fazer doações quando o próprio Lula diz que “a
campanha já começou” é falcatrua de primeira divisão. Não houve, por parte do
Ministério de Propaganda do governo, nem a preocupação de disfarçar. Na pressa,
e no ambiente de pega-pra-capar que existe hoje em volta de Lula, foi mesmo na
base da grossura.
A palavra de ordem da campanha é
praticamente uma declaração pública de safadeza eleitoreira. “Pega o empréstimo
do Lula!”, diz o título da campanha – e a partir daí só fica cada vez pior. O
presidente insulta o povo brasileiro falando em empréstimo “do Lula”. Como
assim “do Lula”? Ele está querendo dizer para o povo que o dinheiro dos
empréstimos vai sair bolso dele, Lula.
Ou seja: além de usar o Erário em
benefício de sua campanha eleitoral, ele também mente, pois é óbvio que não vai
sair meio tostão furado do bolso de Lula. Vai sair, na verdade, diretamente do
bolso do pobre diabo que pegar o tal do “empréstimo do Lula”. É dinheiro
público, direto na veia, e dinheiro público não é “do governo” e sim do próprio
cidadão. Resumo da ópera: quem pegar “o empréstimo do Lula” vai pegar
empréstimo de si mesmo.
Quando começaram a
armar o “imposto das blusinhas”, Janja disse o que ainda está nas top ten de
todas as coisas cretinas que já saíram da sua boca nestes últimos dois anos. A
primeira-dama, na ocasião, fez um manifesto ao mundo garantindo que o novo
imposto seria pago não por você, mas “pelas empresas” que vendem as
“blusinhas”; o “ministro Haddad” tinha explicado tudo para ela.
Janja não sabe até hoje que o imposto
que vem na conta de luz, por exemplo, é pago pelo consumidor – e não pela
distribuidora, que só recolhe ao fisco a importância paga por você. No caso, os
janjas da propaganda lulista dizem que a diferença entre o juro real e o juro
do Credilula vai ser pago pelos “bancos”. Os banqueiros praticamente morreram
de rir. O cofre público vai lhes pagar até o último decimal de centavo tudo o
que puserem nessa tramoia – uma espécie de “Desenrola II, o Retorno”.
A expectativa de que o TSE venha a considerar que o “Empréstimo do Lula” configure abuso de poder econômico do governo para influir nas eleições de 2026 é de zero elevado ao cubo. Uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. A lei para Bolsonaro é uma. A lei para Lula é outra.