Há seis anos seguidos Alexandre de
Moraes, relator do caso de Débora Rodrigues, vem contando com o apoio fechado
da maior parte da mídia, do mundo político em geral e do universo cultural
brasileiro para comandar o mais vicioso, extenso e prolongado movimento de
violação das leis já vivido na história deste país. Essa cumplicidade se
manifesta, em geral, pelo silêncio diante de atos que se aproximam da fronteira
criminal – para muitos juristas sérios, aliás, tal fronteira já foi
ultrapassada há muito tempo.
Pior ainda, a anulação da ordem
jurídica recebe o estímulo agressivo e militante da extrema esquerda nacional,
e de todas as forças que prestam serviço a ela. É a soma de covardia,
militância e impunidade legal para os infratores que trouxe o Brasil à
aberração que está aí na cara de todo mundo – essa situação, inédita, de
tirania de um burocrata do STF e de seus pares sobre uma nação com 200 milhões
de habitantes.
“Como na morte de Cleriston, há todo um
esforço gigante para ocultar a brutalidade que Moraes e o STF estão cometendo
contra Débora Rodrigues. Vão ocultar para si mesmos, mas não para milhões de
brasileiros”
É inevitável, mais cedo ou mais tarde,
que Estados policiais como o que foi criado no Brasil pelo STF de Alexandre de
Moraes acabem criando vítimas públicas. Obviamente, está acontecendo mais uma
vez. O ministro já tinha sido o responsável direto pelo primeiro cadáver entre
os presos no quebra-quebra de 8 de janeiro de 2023, que a junta de governo
Lula-STF transformou em “golpe de Estado” – Cleriston Cunha, morto no pátio da
penitenciária da Papuda por falta de assistência médica.
A mídia, a elite e as gangues políticas
que mandam no Congresso esconderam o fato. Explode, agora, um escândalo ainda
mais chocante: a condenação a 14 anos de prisão, mais multa de R$ 30 milhões,
para a cabeleireira Débora Rodrigues dos Santos. Seu crime foi pintar a frase
“perdeu, mané” na estátua da Justiça colocada na frente do STF, durante a
baderna do 8 de janeiro.
Não adianta nada, numa sentença com
esse grau de estupidez, vir com qualquer argumentação legal, política ou de
algum outro tipo. No Brasil ou em qualquer lugar do mundo, hoje ou em qualquer
tempo, a opinião pública, simplesmente, não engole um disparate desse tamanho.
Catorze anos de cadeia por passar batom numa estátua, seja lá em que
circunstância for? Não pode fazer sentido para ninguém, como não faz sentido
dizer que existe um homem com 8 metros de altura. É claro que não fez, no caso
de Débora Rodrigues.
Os jornalistas, a esquerda e os
juristas que dão entrevistas podem passar o resto da vida tentando explicar a
decisão de Moraes, mas na cabeça do público pagante o que fica é uma coisa só:
um ato de crueldade vil tomado contra uma moça humilde, sem nenhuma
possibilidade de reagir, mãe de duas crianças pequenas e, pior ainda, inocente
de qualquer crime que o cidadão comum entende como crime.
Como na morte de Cleriston, há todo um
esforço gigante para ocultar a brutalidade que Moraes e o STF estão cometendo
contra Débora Rodrigues. Vão ocultar para si mesmos, mas não para milhões de
brasileiros – o assunto explodiu com poucos outros nas redes sociais. Quem não
sabia ficou sabendo e é muito pouco provável que alguém, depois de saber, tenha
ficado a favor do STF, do presidente Lula e da campanha contra a anistia – a
grande causa atual da esquerda brasileira.
Num país a Justiça é cada vez mais odiada
por libertar ladrões do Erário e traficantes de droga, e no qual o presidente
da República construiu para si próprio a imagem de defensor de assassinos que
matam para roubar celulares, condenar Débora Rodrigues a 14 anos de cadeia é
mais que uma hipocrisia sórdida. Pode ser visto como crime.