Tem coisas que a gente não entende na
Justiça. A justiça é compaixão. Aí muita gente diz: “puxa, funcionou a
compaixão, Débora Rodrigues foi pra casa”. Não, funcionou a crueldade. Débora
ficou dois anos presa, a maior parte dos quais sem denúncia sequer. E estava
sendo condenada a 14 anos, já tem dois votos, por escrever com batom uma frase
do ministro Luís Roberto Barroso. Uma frase bem popular, vulgar: “perdeu,
mané”.
Imagine só, 14 anos por isso.
Normalmente seria, talvez, uma cesta básica num juizado de pequenas causas. Mas
não tem nada de benevolência aí. Os filhos dela ficaram sofrendo,
traumatizados, por dois anos, indo dormir sem a mãe, acordando pela manhã sem a
mãe, indo para a escola sem a mãe, sem a mãe para contribuir com o trabalho
dela como cabeleireira, na renda da casa, nas despesas da casa. Terrível.
Arquivamento do caso do cartão de
vacina: Diz o procurador-geral da República: “olha, vamos arquivar a história
do cartão de vacina de Bolsonaro porque só o depoimento de Mauro Cid não
serve”. Mas o depoimento serve para outras coisas? Para golpe de Estado? Não
serve para cartão de vacina? Está brincando.
Para justificar a acusação que fizeram,
inclusive pra Débora, de golpe violento armado para derrubar o Estado
Democrático, o ministro Flávio Dino justifica. "Estava cheio de militar da
reserva e todo militar da reserva, eu sei", diz ele, "usa arma".
Portanto, havia arma, mas encontraram alguma arma de fogo? Não, mas são
palavras de um juiz e ele é juiz, não viu arma, supõe que houvesse arma porque
havia gente que usa arma.
O ministro Barroso deu uma declaração
dizendo que a não punição desse episódio pode fazer parecer que na próxima
eleição quem não estiver satisfeito com o resultado pode pregar a derrubada do
governo eleito e invadir prédios públicos. Então, não é bom para a democracia
nem para o futuro do país que prevaleça esse tipo de visão. Ou seja, é um juiz
que já antecipa que tem que condenar. Eu nunca vi isso na minha vida.
Lula arruma briga com as donas de casa:
O presidente Lula arranjou mais uma briga com as donas de casa. Disse que a
Janja não é clandestina e que ela escolheu essa vida porque ela não nasceu para
ser dona de casa. Arrumou briga com as donas de casa, podia dizer que não
nasceu para ficar em casa. Mas ficou estranho porque a dona Marisa era dona de
casa. A dona Marisa trabalhava quando teve o primeiro filho com Lula, passou a
ser dona de casa.