Um cristão é alguém que acredita que
Jesus Cristo é o Filho de Deus, que se encarnou e veio ao mundo oferecer sua
vida em sacrifício para a salvação da humanidade. A preocupação maior de todo o
cristão deve ser merecer a salvação e a vida eterna. O resto é secundário.
A ideia de um Deus que vem ao mundo em
forma humana, e se oferece em sacrifício para a remissão dos pecados de todos
os homens, não é uma ideia simples. Ela é um desafio ao nosso intelecto e à
nossa experiência.
Não é de se espantar: seria demais
esperar que nós, limitados à nossa existência humana, compreendêssemos o
mistério da divindade que nos criou e a todo o universo. Nesse ponto entra a fé
– e nunca esqueçamos que a fé é também uma graça de Deus.
Jesus Cristo não foi um revolucionário
que “foi morto porque desafiou as autoridades do seu tempo”, como fui obrigado
a ouvir, há poucos dias, de um “religioso”. Cristo morreu para redimir nossos
pecados. Quem tem alguma dúvida sobre isso precisa esclarecê-la ou deixar de se
considerar cristão.
O objetivo da Igreja Católica é a
salvação das almas. O objetivo do catolicismo não é “combater a dominância do
capital” e nem “acompanhar as mudanças da sociedade”. Escutei essas duas
afirmações recentemente, de um padre e de uma freira.
O objetivo da Igreja Católica não é
“lutar contra a desigualdade”. Essas não são questões religiosas ou teológicas;
são questões econômicas. Para discuti-las com propriedade, é preciso um mínimo
de conhecimento de economia.
O capitalismo é o sistema econômico
mais justo criado pelo homem porque é baseado na liberdade, no mérito e em
trocas livres entre indivíduos – essa é a definição de livre mercado. Mas toda
e qualquer atividade econômica resulta em uma prosperidade maior para alguns do
que para outros.
Toda a atividade econômica livre
resulta em desigualdade. Isso é resultado de uma série de fatores, dos quais
apenas poucos estão sob nosso controle. Os homens têm diferentes habilidades,
interesses e virtudes.
A riqueza pode ser herdada ou
construída do nada, através de sacrifício, trabalho, estudo e mérito. Mesmo a
riqueza herdada foi construída por alguém.
Ninguém – muito menos o Estado - tem o
direito ou a capacidade de determinar qual é a distribuição adequada de
riqueza. Fazer isso seria mais ou menos como determinar a distribuição adequada
de virtudes.
Por que chamar alguns homens de virtuosos
e outros de pecadores? Não seria melhor distribuir a virtude igualmente por
todos os homens? Isso faz tanto sentido quanto determinar uma distribuição
igual de riqueza.
“Combater a desigualdade” é uma
expressão sem sentido porque o que deve ser combatido é a pobreza - e a melhor
ferramenta já criada para isso é o capitalismo”
A caridade é uma obrigação de todos os
cristãos. Caridade é uma atitude individual. Não existe caridade de Estado. O
cristão não pode se deixar aprisionar por crenças que contradizem o
cristianismo. Uma dessas crenças se chama comunismo (ou socialismo, ou marxismo
ou progressismo – são todas o mesmo produto com embalagens diferentes).
Todos os regimes comunistas até hoje
foram ditaduras assassinas, que esmagaram ou cooptaram – e perverteram – as
religiões. É espantoso que, nos dias de hoje, religiosos ainda desconheçam
fatos básicos da história - incluindo a árdua luta do Papa João Paulo II contra
o comunismo que resultou na queda da União Soviética e do muro de Berlim.
Uma Igreja que esquece sua missão e se
embrenha em questões materiais transmite um sinal ruim. Quando essa igreja
decide se envolver em questões complexas, sem levar em consideração a
necessidade de conhecimento especializado e de compreensão do contexto político
– como, por exemplo, no debate sobre as “mudanças climáticas”, uma pauta
ideológica usada pela esquerda mundial como instrumento de poder e coerção – o
resultado é uma tragédia.
É fácil repetir frases feitas sobre a
necessidade de “lutar contra a desigualdade”. Mas um pouco de esforço
intelectual irá mostrar – como já explicaram gigantes como Bastiat, Mises,
Hayek, Friedman e Sowell – que a desigualdade é a consequência inevitável da
liberdade, porque cada homem tem a sua própria motivação, sua energia, seus objetivos
e sua determinação.
A igualdade prometida pelos
revolucionários sempre acaba em massacres e campos de concentração.