Segundo estimativas do Sindhobar, hoje, há mais de 12 mil bares e
restaurantes em todo o Distrito Federal. Entre eles, aproximadamente 8 mil são
bares onde são vendidos bebidas alcoólicas e tira-gostos para uma clientela
crescente, que inclui desde jovens até idosos, todos apreciadores, moderados ou
não, de bebidas destiladas ou fermentadas.
O que, à primeira vista, parece apenas uma recreação para a população
esconde um fato nada saudável e, o que é pior, devastador para a saúde pública
e para a segurança da cidade. Bebidas alcoólicas não podem, ou jamais deveriam
ser, consideradas como recreação. Mesmo sabendo que esse setor do comércio
responde por mais de 100 mil empregos diretos e indiretos, não é segredo nenhum
que o consumo de álcool é um dos maiores responsáveis pela violência, pela
desagregação familiar e por uma série de problemas que só terão solução
satisfatória quando a população se conscientizar de que o que parece ser uma
espécie de brincadeira, ou passatempo dos indivíduos é, na realidade, ou uma
chave de cadeia, ou um prego de caixão, ou uma cama de hospital, ou de um
hospício.
Se hoje os brasileiros bebem demais, os brasilienses bebem muito mais e
com maior frequência. Talvez isso explique o fato de que os bares e os botecos
se multipliquem como moscas em nossa cidade. O Distrito Federal experimenta uma
febre de alcoolismo que não distingue os personagens, tenham eles casas para
morar, ou estejam em situação de rua. Todos bebem e bebem muito. Paralelo a
esses estabelecimentos, não é difícil encontrar, misturados aos consumidores,
traficantes de drogas de todo o tipo e para todos os bolsos. Onde quer que
existam aglomerações de bares, o sossego dos moradores é perturbado, a
segurança, comprometida e toda área em torno se transforma em terra de ninguém.
Os moradores de locais próximos aos bares conhecem essa realidade de
perto e não se atrevem mais a reclamar contra os proprietários desses
estabelecimentos ou registrar ocorrências em delegacias. Ligar para a polícia,
nesses casos, é perder tempo. Depois de encherem a cara, os beberrões saem sem
rumo, urinando onde querem, brigando e fazendo arruaças sem temor algum das
autoridades. Depredam o que encontram pela frente, pois tudo isso para eles é
diversão. Álcool e violência generalizada têm andado de mãos dadas nesses
últimos anos, aumentando as ocorrências policiais e as ocupações de leitos em
hospitais.
Os estragos trazidos pelo consumo exagerado de álcool têm provocado,
como não poderia ser diferente, prejuízos incontáveis à economia da capital. O
GDF, que, durante muito tempo, fez cara de paisagem ante o problema, resolveu
agora, diante que uma situação que escalou para o patamar de calamidade
pública, tomar as primeiras providências no sentido de abrandar um problema que
não para de crescer. Portaria baixada pelo governo da capital restringe o
horário de funcionamento dos distribuidores de álcool em toda a região. Pelo
documento, os estabelecimentos só poderão funcionar das 6h à meia-noite.
Trata-se de um primeiro passo no sentido de minorar esse problema, mas ainda
não é ideal.
O certo, para muitos moradores que vivem esse drama de perto, seria o
fechamento dos bares juntamente com o comércio: às 18 horas. Toda essa
preocupação tardia do GDF faz algum sentido quando se verifica que o Distrito
Federal ocupa, hoje, o segundo lugar no ranking nacional de consumo excessivo
de álcool, perdendo apenas para Salvador, na Bahia. Não apenas os adultos bebem
muito, como cada vez mais esse hábito é visto também entre os jovens.
Pelos levantamentos da Secretaria de Saúde, mais de 25% dos adultos
bebem regularmente, o que é considerado um índice preocupante. Outros dados
mostrados no último levantamento indicam que, dos 135 homicídios ocorridos em
janeiro e fevereiro deste ano, quase 25% ocorreram próximos aos estabelecimentos
de venda e consumo de álcool.
Para os mais radicais, o simples fato de o consumo de álcool induzir
casos de violência diversos, como homicídios, abuso sexual, uso de armas,
furto, violência doméstica e tantos outros, seria suficiente para a decretação
até mesmo de uma lei seca em todo o Distrito Federal, acabando com o mal pela
raiz. É como dizem: “Bebida não traz felicidade, apenas traz mais dinheiro para
quem vende”. Talvez o dia em que os proprietários desses estabelecimentos forem
obrigados a custear o tratamento médico para seus clientes ou as custas
processuais dos crimes cometidos por eles, a situação chegue a um bom termo.
Parabéns jornalistas que eu leio e amo muito!
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