Dizem que já são mais de 240
assinaturas pelo projeto de lei da anistia para aqueles que estão presos, ou
com tornozeleira eletrônica, foram condenados a 14, a 17 anos de prisão. Gente
que nada fez, que estava armada de Bíblia ou de batom, que foi encarcerada. É
um tremendo exagero para uma manifestação que, sim, teve bagunça, teve invasão
de palácios, teve destruição de patrimônio público, inclusive patrimônio
tombado. Mas devem pagar por isso aqueles que realmente fizeram algo, havendo
prova disso, de que a pessoa estava dentro do palácio, rasgando cortinas,
quebrando cadeiras.
Em vez disso, generalizaram para
assustar as pessoas, dizendo que não se manifestem mais, ou irão para a cadeia.
É como fizeram na pandemia: inventaram que todos morreriam, que um não podia
chegar perto do outro, que todos tinham de usar máscara para respirar o próprio
ar, do contrário iriam morrer, estão aqui as covas. Lembram de como a televisão
mostrava as covas todas abertas para botar você? É o temor, intimidando as
pessoas para que não se manifestem mais.
Isso é o contrário de democracia.
Democracia é a manifestação do povo, que é a origem do poder. O povo apenas
transfere esse poder para os seus representantes no Poder Executivo e no Poder
Legislativo. No Judiciário não há representantes do povo porque os tribunais
não são órgãos políticos, são órgãos de aplicação da justiça, órgãos técnicos.
Hugo Motta não vai ajudar, mas também
deixou implícito que não vai atrapalhar: Se o apoio à anistia chegar a
metade mais um dos 513 deputados, o projeto não passa nem pela comissão
especial; vai direto para o plenário. E isso está se aproximando; parece que
estão garantidas 240 assinaturas, mas já deve haver mais do que isso. Deve
estar bem pertinho já de 257, a ponto de Jair Bolsonaro ter ido conversar com
Hugo Motta e perguntado a ele “presidente, que história é essa de dizer que
isso não é importante?” É importante, sim: muitos estão presos, longe da
família, sem nenhuma renda, com a família passando dificuldades, e perdendo o
que há de mais sagrado depois da vida, que é a liberdade.
Hugo Motta respondeu que, chegando a
esse número, ele não tem nada a ver com isso, é com as lideranças, para elas
decidirem. O presidente da Câmara tem receio, digamos assim, do Supremo, que
julga deputados, Ele, e gente da família dele, estão na mira de algumas
investigações por causa de emendas. Então ele está com receio disso, não quer
se comprometer pessoalmente com a anistia, mas garantiu que, se o número for
atingido, ele não irá se opor. Então, a questão é chegar a esse número.
A vontade popular está na rua, e o povo
quer a anistia: A Avenida Paulista cheia mostrou o que é a vontade
popular. A despeito de pesquisas de opinião e antigas estações de televisão
falarem contra a anistia, o povo mostra que não é bem assim. Se a maioria fosse
a favor das decisões do Supremo, os ministros não precisariam usar aviões da
Força Aérea Brasileira para andar pelo país; poderiam conviver com os demais
passageiros, como acontecia antigamente e eu cansei de ver. Várias vezes viajei
com ministros do Supremo, sempre tranquilamente: eles entravam no avião,
sentavam-se, não eram nem reconhecidos, porque o STF não era um órgão político
cujos membros davam entrevistas, antecipavam decisões, mostravam opinião. Mas
muitos dos atuais ministros do Supremo quiseram assim, e estão pagando pelo
ônus de terem se tornado uma instituição política, porque agora ficam sob o
escrutínio da população, que é a dona verdadeira do supremo poder.